Ao compartilhar a paz na comunicação, ele se tornou professor de jornalismo, escritor, presidente da Agência da Boa Notícia e idealizador do prêmio Gandhi
Formado em Jornalismo em 1972, na segunda turma da Universidade Federal do Ceará, Souto Paulino é escritor, lecionou na Comunicação, escreveu livros e há doze anos é coordenador da Agência da Boa Notícia e do prêmio Gandhi, da qual promove a cultura da paz e inspira estudantes e professores. Em entrevista, Souto Paulino compartilha sua história e fala sobre as criações:
Como o senhor ingressou no jornalismo?
Souto Paulino: Na Universidade, o reitor deu um curso de comunicação. E, então, fiquei animado em saber sobre jornalismo. Naquele tempo, não havia exigência profissional. Fiz parte da segunda turma. Simplesmente queria saber o que era jornalismo. Quando terminei a faculdade quis ser professor do curso. A responsabilidade era maior. Estagiei no jornal Correio Ceará, captando a notícia, redigindo a matéria, corrigindo e descia a notícia.
Qual a diferença do jornalismo da sua época de estudante, para o jornalismo atual?
ST: A resposta para isso: tecnologia! Jornalismo nunca se perdeu. Muitos dizem ‘televisão vai acabar com isso e aquilo’, na realidade não acaba, se transforma, se adapta com a tecnologia que nos impõem. E hoje a insegurança com a comunicação é por não sabermos o que é mentira e o que não é nas redes sociais. Temos que ter cuidado com isso. A internet facilita que as mentiras sejam mais compartilhadas do que a verdade
Como surgiu a Agência da Boa Notícia?
ST: Foi um processo que ficou dentro de mim, na minha caminhada que fiz pela universidade. Nós nascemos de uma proposta de que poderíamos dar uma contribuição para que os meios de comunicação social no Ceará se transformassem em meios de comunicação social. Apesar da tecnologia e outros meios, a predominação do jornalismo tem sido achar que um meio de comunicação é melhor do que o outro. Todos os meios são eficientes. Nós só temos bom jornalismo se tivermos boas cabeças que possam gerar os conteúdos. A Agência da Boa Notícia foi uma inquietação. Quando me aposentei conversei com outras pessoas e até que um dia resolvemos criar. Então, a Agência Boa Notícia saiu, justamente em acreditar que nós poderíamos colocar para disposição de vocês, os profissionais de comunicação. A nossa missão, sentimentos que temos e continuamos tendo: contribuir com a passagem de vocês pelas escolas, com bons professores. Este ano a Agência da Boa Notícia fez 12 anos.
Qual foi o seu objetivo ao criar o prêmio Gandhi?
ST: Para que possamos discutir uma boa comunicação é preciso que a gente tenha bons produtos e o produto que criamos foi justamente o prêmio Gandhi. Colocar ao alcance de vocês ao longo da educação, de professores e dos empresários das empresas de comunicação, o veículo que pudesse de certa forma orientar cientificamente, o que é uma boa notícia. Há momentos em que deveríamos nos transformar, nós, professores, nós, alunos, todos os educadores. Já andamos pelo Brasil inteiro e nossa intenção é que um dia deixaremos de ser cearense e passaremos a ser regional. Hoje, temos um caminho diferente de quando éramos jornalistas. No jornalismo, acreditava-se naquela época que o instrumento muito essencial para o futuro seria a paz. Só temos, geralmente, a palavra paz quando surge em função de outras palavras. A guerra sempre se contrapôs a paz. Ou fazemos guerra ou fazemos paz.
O que o Mahatma Gandhi representa para o senhor?
ST: É um homem que, resumidamente, fez a guerra sem arma. Foi castigado para o bem ou para o mal, foi morto por ele mesmo, no sentido figurado. Ele não queria fazer a guerra e preferiu ser morto. Então, por ele, uma das formas do prêmio Gandhi, é que nenhuma palavra seja ofensiva ou letal. E reforçar aquilo que é correto. Espero de vocês que sejam os próximos trabalhadores da Paz
Para encerrar, qual o perfil do novo jornalista?
ST: Que seja sempre um bom jornalista, trabalhe para criar. Um bom jornalista não deve ser isso ou aquilo, deve criar. Os momentos, os eventos, as oportunidades, tudo isso vai criar sua mente, deixar mais humano e se espalhar por sua proposta de vida