Na popular série original da Netflix “Go! Viva do seu jeito”, Olivia, interpretada pela talentosa atriz Antonella Carabelli, ganhou destaque. O programa abordou temas importantes como bullying e apresentou uma história musical focada em dança e canto. Em uma entrevista recente, Antonella compartilhou seus pensamentos sobre interpretar um papel tão significativo em uma produção que pode inspirar jovens a descobrir a arte da expressão pessoal e a importância de lidar com o bullying.
Antonella expressou sua gratidão pela oportunidade de discutir esse tema importante. Ela refletiu sobre suas próprias experiências de bullying durante a adolescência e como encontrar um espaço seguro dentro de comunidades artísticas permitiu que ela se sentisse incluída e sem julgamentos. Ela enfatizou o valor de se conectar com pessoas e grupos que compartilham interesses semelhantes, não apenas no campo artístico, mas na vida como um todo. Antonella encontrou conforto no grupo de teatro da escola, onde se sentia livre para se expressar sem medo ou vergonha. Essa liberdade de expressão é o que ela mais ama na atuação. Através de seus personagens, ela pode liberar emoções que poderiam ser reprimidas ou contidas em sua vida diária. A atuação a ajudou a aceitar sua sensibilidade e amadurecer emocionalmente. Também permite que ela explore sua imaginação vívida, explorando mundos paralelos e vidas diferentes além da sua. Entrar nos sapatos de outra pessoa promove empatia e compaixão, qualidades essenciais na prevenção do bullying.
Antonella destacou o papel da arte em sua jornada pessoal, explicando como ela a “salvou” até um ponto de sua vida adulta em que percebeu que a arte sozinha não era suficiente, levando-a a buscar consolo em sua fé. Ela expressou sua felicidade de que a série possa inspirar jovens a explorar a arte e conscientizar sobre o problema do bullying. Ela compartilhou sua gratidão por sua própria escola, que, assim como “Go!”, tinha um grupo de artes cênicas. Antonella acredita que todas as escolas deveriam ter esse tipo de espaço, porque a arte é catártica e transformadora.
A entrevista também abordou a forte conexão de Antonella com o Brasil, onde ela morou por doze anos. Ela reconheceu o apoio que recebe de seus fãs brasileiros nas redes sociais, o qual vem de sua interpretação de uma personagem brasileira no elenco diversificado da série da Netflix. Ela expressou alegria e orgulho em testemunhar o sucesso das produções latino-americanas em todo o mundo. Antonella acredita que essa exposição do mundo à cultura latina por meio de artistas e produções bem-sucedidas traz familiaridade e apreciação. Ela enfatizou a importância da representação na mídia, pois abre portas para futuros artistas e projetos que antes tinham oportunidades limitadas. Antonella ressaltou a necessidade de nos apoiarmos mutuamente e celebrarmos as conquistas uns dos outros, pois cada porta aberta pavimenta o caminho para a próxima geração, tornando o caminho mais acessível.
Você estrelou na série original Netflix “Go! Viva do seu jeito”, que abordou temáticas como bullying e foi totalmente musical, focada em dança e canto. Como foi para você interpretar um papel tão importante em uma produção que pode incentivar jovens a descobrir a arte e a importância da abordagem do bullying?
Primeiramente muito obrigada pela oportunidade desta conversa contigo, já começando com uma pergunta importante! Uns dias atrás estava falando com uma amiga sobre o bullying que sofremos na adolescência e como encontramos um lugar seguro em comunidades artísticas, onde finalmente nos fizeram sentir incluídas e não julgadas. Conectar com pessoas e grupos de interesses semelhantes aos nossos é algo valioso e reconfortante pra qualquer um, não só no âmbito artístico. Mas pra mim foi no grupo de teatro do colégio onde me senti confortável sendo autêntica, onde havia liberdade para se expressar sem medo ou vergonha. Essa liberdade para me expressar é uma das coisas que mais me apaixonam da atuação, as personagens que interpreto me protegem, quando estou atuando não sou eu, mas nas situações que a personagem atravessa posso derramar muitas emoções que em minha vida cotidiana são reprimidas ou seguradas, sou uma pessoa sensível e esta forma de arte me ajudou a aceitar isso e amadurecer emocionalmente. Também me permite aproveitar minha ampla capacidade imaginativa para atravessar mundos paralelos, vidas diferentes à minha, que não teria chance de experimentar sendo somente Antonella. Colocar-se nos sapatos de outra pessoa ajuda a exercitar a empatia e compaixão, qualidades necessárias para evitar o bullying, voltando ao nosso assunto anterior. Por todos esses motivos acho que a arte me “salvou”, até um ponto na minha vida adulta quando percebi que só arte não era suficiente e precisei procurar Jesus. Então fico feliz de que a serie possa inspirar jovens a explorar na arte e trazer consciência sobre o bullying. E sou grata porque meu colégio, assim como em “Go!”, tinha um grupo de artes cênicas como acredito que todos deveriam ter, a arte é catártica.
Você tem uma forte ligação com o Brasil, incluindo uma base de fãs do país. Como você vê o sucesso das produções latino-americanas pelo mundo e qual é a importância da representatividade na mídia?
Sim, tenho muito da cultura brasileira em mim porque morei doze anos em Florianópolis, Santa Catarina. Nos mudamos da Argentina pra lá quando eu tinha apenas cinco anos porque já tínhamos família morando ali. Ao chegar minha mãe ficou gravida do meu irmãozinho brasileiro e eu fiz o colégio praticamente completo no país. O apoio que recebo do público brasileiro nas redes sociais é graças a representar a nacionalidade na série da Netflix onde há um elenco muito diverso. Meu coração se enche de alegria e orgulho vendo uma quantidade de artistas latinos e produções, que antes não víamos, fazendo sucesso num nível mundial. Os jovens sonhadores de agora tem muito mais exemplos para olhar em busca de esperança. Presenciar outros artistas latinos ganhando reconhecimento internacional me enche de fé, porque isso expõe o mundo à nossa cultura, tornam-na familiar e fazem com que comece a ser apreciada. Isto faz com que a mídia se torne mais inclusiva e mais portas sejam abertas a futuros artistas e projetos que antes tinham o caminho trancado, sem tantas oportunidades. Temos que apoiar uns aos outros e nos alegrar com seus triunfos, cada um que passa pela porta deixa ela aberta para o próximo, o caminho fica mais acessível. Além disso, a diversidade de culturas na indústria do entretenimento amplia a perspectiva do público quanto ao mundo e este fica mais unido, interessante e exuberante, há mais para conhecer.
Sua conta no Instagram, ETERNAL THINGS, é um espaço onde você compartilha seus poemas e pensamentos. Como a escrita e a poesia fazem parte da sua vida e como isso influencia a sua arte?
Apenas três anos atrás comecei a levar a escrita a sério, tinha umas ideias para filmes na cabeça faz algum tempo, mas não me sentia preparada ou no momento certo para me dedicar a algo que sabia que ocuparia meu tempo e mente profundamente. Até que minha mãe encontrou num caderno velho uma historia e alguns poemas que escrevi quando tinha treze anos, eu havia esquecido que gostava de fazer isso. Ela disse que meu jeito de descrever tudo a fazia conseguir imaginar cada detalhe. Aquilo me inspirou e deu confiança para explorar essa outra forma de expressar minha criatividade. Escrevi um roteiro e comecei a desenvolver outras ideias que seria um sonho realizado levar para a tela grande. Mas ETERNAL THINGS (@eternalthingss) é algo completamente diferente, são textos bem curtos e o foco está no propósito pelo qual escrevo e a mensagem que quero transmitir. Uma mensagem sobre coisas eternas, como diz o nome em inglês, porque as coisas que postamos normalmente são passageiras. “Três coisas, na verdade, permanecerão: a fé, a esperança e o amor, e a maior delas é o amor” diz a bíblia em 1 Coríntios 13:13. Eterno e bom é aquilo que recebemos pela graça de Deus através da fé em Jesus Cristo, seu filho, que entregou sua vida para que eu e você possamos nos tornar filhos também. Sinto a necessidade e responsabilidade de compartilhar estas boas novas, se não o fizesse seria egoísta, porque o que mudou minha vida também pode mudar a de quem lê. Um dos milagres mais extravagantes que recebi tornou possível que eu fosse contratada pela produção de “Go!”, meus olhos só enxergavam impossibilidades mas para Deus não há nada impossível.
Outro sucesso teen, porém, na televisão, foi a série “O11CE” do Disney Channel, onde viveu a personagem Rocío. Como foi a passagem pela produção e como é lidar como o público adolescente?
A série “O11CE” foi uma produção argentina da Disney com temática futebolística na qual a personagem do protagonista parece ser inspirada no Messi. Aproveitando o assunto, e minhas raízes argentinas, quero celebrar com orgulho a grande vitória e dizer que somos campeões do mundo! Perdoem-me aqueles que me apoiam desde o Brasil, quando eu ia ao colégio lá era alvo de bullying cada copa do mundo por vir do país vizinho, então agora não podem reclamar se eu torcer pra eles. Também torço pro Brasil, claro, além do mais a camiseta brasileira já tem varias estrelinhas e a seleção sempre está entre as melhores. Peço que não levem a mal, por favor, falo nisso com tom leve e sorriso no rosto, sem rancor. Messi te amamos!
Quanto ao publico adolescente, eu adoro eles porque são os mais apaixonados, especialmente os latinos! Todo artista de fora que vem dar show sabe disso, somos os mais eufóricos e afetuosos.
Antonella Carabelli (Foto: Divulgação)
Além de atuar, você possui outras habilidades como o canto, a dança e até mesmo acrobacia aérea. O que veio primeiro na sua vida e como cada habilidade a ajuda a encarar as exigências do mercado artístico?
Desde pequena fui uma criança muito expressiva e com grande imaginação, mas meu pai era esportista e tentou me levar por esse lado. Quando eu tinha uns cinco anos meus pais me colocaram em aulas de basquete, mas foram assistir a um jogo pela primeira vez e perceberam rapidamente que eu não estava jogando basquete, estava dançando pela quadra e não dava a mínima pra bola. Então experimentaram trocar por aulas de ballet, onde descobri um amor pelas Artes Cênicas e a possibilidade de transformar em arte todas as emoções e energia que tinha dentro de mim. Mas ballet não era exatamente minha praia, uns anos depois comecei a fazer teatro, logo aulas de atuação frente à câmera e nunca mais parei, a atuação sempre será minha principal forma de expressão artística. Também fiz aulas de canto e amei, então tentei aprender a tocar violão para ser uma artista mais completa. Já a escrita é algo recente, percebi que a través dela posso dar vida aos mundos imaginários que de outra forma ficariam escondidos e limitados na minha cabeça. Hoje em dia faço acrobacia aérea e uma arte marcial chamada Muay Thai, porque um dos meus maiores sonhos é estrelar num filme de ação. Especialmente se for da MARVEL, sou fã dos filmes de super-herói deles, se pudesse escolher uma personagem pra levar das histórias em quadrinhos para a tela do cinema seria a Spider-Woman. Mas deixo esses sonhos loucos nas mãos de Deus. Outra habilidade que me ajuda a encarar as exigências do mercado artístico é falar inglês fluente, e com este terceiro idioma me tornar trilíngue. Isto é fundamental porque atualmente, graças aos castings a distancia através do Zoom ou modo “self-tape”, chegam oportunidades para projetos internacionais. E seria um sonho feito realidade trabalhar na indústria cinematográfica dos Estados Unidos, porque há grande variedade de propostas, mais oportunidades, e gostaria muito de viajar conhecendo outras partes do planeta por causa do meu trabalho.
Uma outra curiosidade sobre Go!, é que além de você, outro ator que representou o Brasil foi o Paulo Sanchez Lima, intérprete do Simon. Como era a amizade do elenco nos bastidores e no caso de vocês dois, representarem o público brasileiro?
A verdade é que inicialmente minha personagem, a Olivia, era argentina. Durante os ensaios conheci vários integrantes do elenco que pertenciam a outros países latinos, mas percebi que ainda não havia nenhum brasileiro. Então falei com a produção da serie e propus que a Olivia fosse do Brasil e falasse com sotaque, porque sei o quanto a representatividade significa para quem se sente identificado. Também foi o jeito que encontrei de tornar ela mais complexa e aumentar o desafio de interpretá-la, adicionando outra camada na sua construção. A experiência de representar o público brasileiro foi uma honra pra mim e é um dos maiores motivos pelos quais essa personagem sempre estará pertinho do meu coração. Pouco tempo depois de a produção aceitar minha proposta, chegou o Paulo para se unir à equipe interpretando o Simon, desse modo passamos a ser dois. Quanto aos bastidores do elenco, havia bastante harmonia e positividade entre os integrantes. Lembro que estávamos agradecidos pela seleção feita em termos de caráter, nos dávamos bem.
Algo muito forte da série, foi a questão das músicas, e que sempre traziam referência ao universo mais jovem, misturando gírias e algumas palavras em inglês e espanhol. Como foi a sua experiência com a trilha sonora da série e como acredita que ela possa inspirar outros jovens a desenvolverem paixão pela arte?
Ser parte de um projeto musical para o publico jovem era um dos meus sonhos desde criança, porque assistia o canal da Disney e me divertia com esse tipo de series e filmes, como “High School Musical”, o qual penso que se assemelha a “Go!”. Por isso acredito sim que esse projeto possa ter influenciado e inspirado jovens a desenvolverem paixão pela arte, porque no passado eu estive no lugar deles e hoje estou do outro lado da historia. Amei participar da trilha sonora da serie, especialmente realizando a versão completamente em português da canção “Você é demais”, já que estive muito envolvida no processo de criação. O Paulo já tinha gravado a parte dele quando recebi a letra em português, mas logo percebi que a tradução tinha muitos erros, então escrevi minha própria tradução do zero, a produção me permitiu gravar do meu jeito e o coitado do Paulo teve que ir gravar novamente a parte dele. Acontece que sou perfeccionista, se me comprometo em fazer algo preciso fazer com excelência, mesmo que o resultado não seja perfeito, mas será o meu melhor.
Além de seus monólogos e algumas apresentações, o seu canal no YouTube reúne vários conteúdos, incluindo alguns covers. Nesse caso, como aconteceram os seus primeiros contatos com a arte e qual significado dela na sua vida?
Me surpreende essa pergunta a respeito do meu canal no YouTube, porque na verdade é um canal meio secreto, não contei pra muitas pessoas sobre ele. Criei o canal com o único proposito de compartilhar material artístico com diretores de casting e agencias de uma forma simples, a fim de acessarem meus vídeos facilmente.
Como contei em uma resposta anterior, meus primeiros contatos com a arte foram quando era muito pequena e começaram por outro lado, até que percebi que aquilo que realmente me apaixona e combina com os talentos que Deus depositou em mim, é a atuação. No inicio minha motivação para ser atriz era egoísta, e acho certo trabalhar naquilo que nos dá prazer e alegria, mas também é bom que o propósito seja maior que nós mesmos. Durante os últimos anos amadureci espiritualmente e comecei a procurar de forma mais intencional o meu propósito de vida e de que jeito posso usar minha carreira como um meio para realizá-lo. A motivação mudou, Deus organizou as prioridades do meu coração e agora o foco principal está em utilizar os diversos recursos sendo artista para ajudar as pessoas.
Apesar de ter nascido e de trabalhar na Argentina, você passou alguns anos morando no Brasil, onde tem família inclusive. Quais foram as principais diferenças que percebeu culturalmente em cada país e do que mais sente falta no Brasil?
Muitos argentinos admiram os brasileiros e sua cultura tão musical, colorida e alegre. Percebi isso quando morava lá e viajava pra Argentina visitando a família, por causa da curiosidade que as pessoas mostravam me faziam sentir uma estrangeira. No Brasil me pediam que falasse espanhol e na Argentina me pediam que falasse português e sambasse. Meu lado atriz gostava de ser diferente e divertir as pessoas, mas isso gerou uma crise de identidade na minha adolescência, porque eu não sabia direito aonde pertencia e sempre sentia que não encaixava.
O que mais sinto falta do Brasil são as amizades, a natureza maravilhosa de Florianópolis, suas praias, os passeios nos barcos escuna da empresa do meu avô, que param pra almoçar no restaurante dos meus pais “O Porto da Pirataria”, que fica sobre a praia onde passei tantos verãos da minha vida. E falando em restaurante… Que saudades da comida brasileira! A feijoada, os frutos do mar, o brigadeiro! Espero que a vida sempre volte a me levar pra lá e também conhecer outras partes do país.
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*Com Luca Moreira