Telma Romão Maia desvela a beleza cotidiana em ‘Somos Girassóis’

Telma Romão Maia, a escritora por trás de “Somos Girassóis”, utiliza a trajetória dessas flores como metáfora para explorar a resiliência diante dos desafios na vida. Neste livro, a autora apresenta uma prosa leve e cotidiana, destacando que a verdadeira essência da existência humana reside nos momentos ordinários.

Abordando temas como envelhecimento, reflexões sobre a mortalidade e a complexidade da feminilidade, a obra mergulha em experiências universais conectadas a questões individuais, sempre valorizando a poesia e a leveza para tornar o cotidiano mais significativo. “Somos Girassóis” é o resultado da transição de Telma de uma carreira publicitária para a poesia, consolidando seu compromisso em enriquecer o dia a dia dos leitores com uma literatura que espelha a vida real.

O título do seu livro, “Somos Girassóis”, faz uma metáfora com girassóis. Pode compartilhar o significado por trás dessa metáfora?

Estive em um campo de girassóis e fiquei impactada pela beleza e pelo movimento deles em conjunto na busca pela luz solar. Acredito que, como os girassóis, devemos buscar sempre a luz, dando as costas para as sombras. Não é que vamos ignorar o lado escuro, aprendemos com ele, mas o foco deve ser a luz e o calor que aquecem nossas esperanças diárias e nossos sonhos.

Sua obra parece destacar a importância de encontrar a felicidade no cotidiano. Pode nos contar como essa perspectiva influenciou a criação do livro?

Acredito que nossa vida deve ser norteada pela busca de um crescimento constante, as forças e luzes que nos ajudam a caminhar. Para mim, a poesia sempre trouxe toques de leveza para o cotidiano, assim como a arte, o cinema… Essa perspectiva me trouxe até o “somos girassóis”, está sempre presente na minha escrita.

Você aborda temas universais, como envelhecimento e reflexões sobre a morte. Como esses tópicos se conectam à sua própria experiência e à experiência humana em geral?

Telma Romão Maia: O exercício de pensar no processo de envelhecimento e na morte como “vida real” nos impede de caminhar alienados, não que vá nos entristecer, mas entender que é o processo natural da vida, que faz parte encará-lo de frente e seguir da melhor forma possível.

Em seu livro, você menciona sua relação com Goiás. Como sua terra natal influenciou sua escrita e sua visão de mundo?

Eu nasci em Minas Gerais, mas cheguei em Goiás com 6 meses de idade. Meus pais eram nordestinos e a convivência entre mineiros sempre foi intensa, porque Goiás tem muitos mineiros em sua formação. Então me considero essa mistura de temperos, e o amor por Goiás foi crescendo naturalmente, como se tivesse nascido goiana, amo tudo, da culinária à literatura feita em Goiás. Toda essa beleza alimenta minha alma e minha poesia.

A poesia pode desempenhar um papel fundamental em nosso dia a dia. Como você acredita que a poesia pode adicionar “leveza” à nossa rotina?

A magia da poesia está nas entrelinhas, no inaudito. As palavras “tocam” sentimentos, tentam traduzi-los, mas, ao mesmo tempo, preservam o mistério. E é este mistério que faz leveza, vai além de análises filosóficas ou psicológicas, traz toques sutis para a alma.

Telma Romão Maia

Em seu livro “Somos Girassóis”, você faz referências a Cora Coralina e Chico Buarque, dois nomes icônicos da cultura brasileira. Como esses artistas influenciaram sua própria jornada poética e literária?

Amo toda a obra de Cora Coralina e de Chico Buarque. São duas referências muito fortes pra mim. Sou apaixonada por inúmeras poesias dela e letras de música dele. Aos 10, 11 anos, eu gostava de brincar com rimas e métricas, tive um poema publicado no jornalzinho da escola, sempre escrevi. E Cora e Chico me despertaram pela forma como traduzem as emoções, naquela época era uma maneira de conversar com esta fase de turbilhão de sentimentos, traduzir-me. A poesia virou, naquela época, parte de mim. Eu estou escrevendo contos e crônicas, mas a poesia é minha essência! Escrever pra mim é um puro prazer! Sobre a vida, o cotidiano, o amor, a amizade, as viagens… encontrar magia nos detalhes do dia a dia da nossa vida.

Você decidiu se dedicar à produção literária após mais de duas décadas no mercado publicitário. De que forma essa transição ocorreu e de que maneira sua experiência anterior influenciou sua abordagem à escrita?

Sim. Encerrei um ciclo na propaganda, fiz grandes amigos e sempre gostei de trabalhar em agências, achava o ambiente descontraído e dinâmico, me identificava com tudo que envolve o mercado publicitário, gosto da criação e do acompanhamento da produção. Mas acredito que fechei meu ciclo quando um dos meus maiores clientes passou a ser atendido por uma grande agência de São Paulo. Decidi me dedicar integralmente à escrita, e Cora foi também, neste aspecto, uma inspiração. Ela publicou seu primeiro livro aos 75 anos. e eu achei que aos 55 era uma boa idade para, como disse ela em um poema, recomeçar… “recria a tua vida sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça”. A idade 55 foi, para mim, um número simbólico para o meu recomeço.

Você mantém um perfil no Instagram (@viagemnapoesia) para compartilhar pensamentos cotidianos e textos poéticos. Como as redes sociais influenciaram sua interação com seus leitores e sua visão sobre a escrita?

Gosto da resposta imediata que as redes sociais trazem e de estar junto a outras pessoas que têm a mesma sintonia. Aprendo ali a cada dia, é um exercício também prazeroso, como “trocar figurinhas”, brincadeira da minha infância, rsrs. Adoro também os comentários, perceber como cada poema “chega” e toca o outro.

Sua obra promove a ideia de encontrar felicidade nos detalhes do cotidiano. Você poderia compartilhar uma experiência pessoal em que tenha encontrado grande significado em um momento aparentemente comum?

Sim. Quando visitei o campo de girassóis e os campos de lavanda em uma viagem à França. O contato com a natureza sempre me traz “ressignificados” e me inspira.  Estive recentemente no interior de Minas Gerais e tomamos um banho de cachoeira, meu marido e eu, em uma cachoeira belíssima, na região da Canastra. Essas experiências vão para um arquivo de memórias preciosas, são pura poesia, alimento para a alma!

Acompanhe Telma Romão Maia no Instagram

*Com Luca Moreira

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