Angélica Duarte desafia os padrões com ‘Barriga de Lanche’: uma homenagem à autenticidade

A cantora Angélica Duarte revela sua mais recente faixa, “Barriga de Lanche”, convidando os ouvintes a abraçarem a aceitação de seus corpos em um mundo obsesionado pela imagem. Com um toque de bom-humor e uma crítica sutil à pressão estética contemporânea, a música é uma celebração da autenticidade. Em um clipe psicodélico dirigido por Caio Riscado, Angélica transforma a insegurança em uma declaração de amor às delícias gastronômicas, marcando uma nova fase artística onde assume a produção musical. Este lançamento representa uma virada de maturidade estética para a artista que, em 2021, apresentou seu primeiro álbum solo, “Hoje Tem”.

“Barriga de Lanche” é uma música que aborda a aceitação do corpo de forma humorística e crítica. Pode nos contar mais sobre a inspiração por trás da música e de que forma ela reflete sua própria jornada de aceitação pessoal?

Fiz essa música enquanto esperava um lanche que pedi por delivery. Foi algo espontâneo mesmo… estava aguardando o pedido e ao me olhar no espelho me deparei com o volume da minha barriga. Eu vestia um short colorido que marcava as minhas curvas e me perguntei se as pessoas por aí pensariam que eu poderia estar grávida. Bom, ao me questionar sobre isso cantarolei o refrão “Barriga de Lanche/O zíper não fecha/Não sou elegante/E nem sou moderna.” Gravei a ideia no celular e jantei. Uns dias depois comecei a esboçar uma letra que em princípio não era sobre autoaceitação. Demorei algumas semanas para finalizar a canção, acredito que durante esse tempo eu tenha refletido bastante sobre a pressão estética que sofri durante toda a vida.

A música sugere uma mudança de perspectiva em relação à autoimagem e à pressão por padrões de beleza. Como você vê a influência das mídias sociais e dos procedimentos estéticos nessa busca pela perfeição?

Acho que as mídias sociais ocupam o lugar que antigamente era das revistas e da televisão, cabe a nós, usuários, escolhermos bem quem seguir e no que acreditar. Muito do que é mostrado na internet não reflete o que é real, e algumas pessoas parecem não perceber isso. Estamos sempre vendendo o nosso melhor momento, relacionamento, look, mas há muita angústia por trás do click. Como diria Black Alien “tirar foto é fácil, quero ver quem se retrata”.

“Barriga de Lanche” marca uma nova fase em sua carreira musical, onde você assume a produção musical. Como foi o processo de criação e produção desta música e o que podemos esperar em termos de estilo e sonoridade em seu próximo álbum?

Tenho produzido meu próprio trabalho, quase sempre em parceria, desde o lançamento do meu álbum Hoje Tem que é inteiramente autoral e arranjado por mim. A novidade em Barriga de Lanche é que estou trabalhando em casa, com mais autonomia. Decidi assumir a produção total do próximo disco pois tenho em mente o que quero apresentar, e com os recursos que conquistei montando o próprio estúdio posso lapidar cada faixa em meu próprio tempo. O novo single indica a sonoridade do álbum que está por vir.

A pressão por perfeição estética muitas vezes recai de forma mais cruel sobre as mulheres. Como você espera que sua música e mensagem impactem seus ouvintes, especialmente as mulheres que podem estar passando por desafios semelhantes?

Tenho recebido vários feedbacks positivos, não só de mulheres, mas de muitas pessoas que se sentiram abraçadas pelo discurso da canção. É claro que existe uma forte identificação do público feminino com o discurso, e eu espero que a música alcance cada vez mais mulheres pois precisamos todas refletir sobre nossos caminhos punitivos para chegar ao que é considerado “corpo ideal”.

Angélica Duarte

O videoclipe de “Barriga de Lanche” é descrito como uma “catarse psicodélica de guloseimas”. Como essa visão se relaciona com a mensagem da música?

A melhor coisa da vida é lanchar.

Você mencionou que o processo de composição da música começou quando pediu um combo de hambúrguer e fritas. Como essa experiência cotidiana se transformou em uma canção inspiradora?

A música chega em momentos inesperados, acho que eu estava precisando falar sobre isso, e principalmente, viver essa questão. Não acho que a gente precise largar mão da atividade física, da alimentação saudável nem nada disso, mas existe uma paranoia diante do regramento que não é saudável. É urgente que a gente se sinta confortável no próprio corpo, e isso é tão raro. Não conheço ninguém que esteja 100% contente.

Além da autoimagem, a música também parece abordar temas de felicidade e indulgência. Como você equilibra a mensagem de aceitação com a ideia de aproveitar a vida e os prazeres?

Equilíbrio é a palavra. Uma pessoa que busca incessantemente o corpo perfeito não está em equilíbrio. Uma pessoa que come compulsivamente também não. É preciso achar essa medida, e acredito que isso seja um desafio para todos nós.

Você mencionou que percebe uma autocrítica desmedida em relação à imagem corporal, especialmente entre mulheres. Como você espera que essa música ajude as pessoas a se sentirem mais confortáveis em sua própria pele?

Fazendo-as dançar. Liberando endorfina. Trazendo para o mundo uma pauta importantíssima de maneira divertida e leve.

Como foi a experiência de gravar e produzir músicas em casa? Você acha que isso influenciou sua abordagem à música de alguma forma?

Sim, tenho gravado muitos instrumentos que não ousaria gravar se estivesse pagando a hora de um estúdio. Esse processo tem me feito muito feliz e o resultado pode ser visto em Barriga de Lanche e nos últimos singles que lancei também, Grudinho, Kero Kero e Outro Verão.

Para finalizar, o que você espera que os ouvintes levem consigo após ouvir “Barriga de Lanche” e assistir ao videoclipe? Qual é a mensagem principal que você gostaria de transmitir?

Ser feliz não é ser padrão. A felicidade está em nós e não na nossa figura. Uma vida toda sem batata frita provavelmente não vale a pena. O mundo é cruel demais com as pessoas, e especialmente, com as mulheres. Hoje a gente pede um lanche, amanhã uma salada. Vamos celebrar os corpos e as pessoas. Vamos celebrar a diversidade.

Acompanhe Angélica Duarte no Instagram

*Com Luca Moreira

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