Sérgio Fragoso é um escritor brasileiro que tem conquistado cada vez mais espaço no cenário literário nacional. Formado em Administração e trabalhando na Universidade do Estado de Mato Grosso, ele é autor de diversos livros, sendo os mais recentes voltados para o gênero policial/suspense.
Foi em 2018 que Sérgio decidiu mudar o rumo de sua escrita, deixando para trás os livros de informática básica e investindo em um novo desafio: escrever romances policiais e de suspense. E não demorou muito para que seus livros começassem a ganhar destaque no mercado literário.
Seu primeiro livro do gênero foi “O colecionador”, publicado em 2020 pela editora Sonho de Livro. A partir daí, Sérgio não parou mais e lançou outros títulos igualmente envolventes, como “Mutiladas”, “O assassino das noivas” e “Assassinato à beira-mar”. Em todos esses livros, o detetive Scott é o personagem principal, encarregado de investigar crimes e prender assassinos.
Além disso, Sérgio também teve contos publicados em antologias como “Noite macabra” e “Uma refeição especial”. Seu talento e dedicação como escritor lhe renderam os prêmios de Melhores do Ano da Academia Sinopsense de Ciências e Letras e o Prêmio Ecos da Literatura, ambos em 2021. Confira a entrevista!
Mudar de gênero literário pode ser um desafio para muitos autores. Como foi sua experiência ao fazer a transição de escrever livros sobre informática para livros de suspense/policial? Você encontrou alguma dificuldade ao começar a escrever sobre um gênero tão diferente?
Na realidade eu iniciei com dicas de informática básica, mas não estava satisfeito, foi então que decidi escrever romance no ano de 2015. Uma experiência completamente nova para mim, eu não tinha editora e não sabia como o mercado funcionava, e o mais importante, não tinha leitores, então foi muito difícil. Na verdade, eu desanimei um pouco, mas então em 2018 decidi escrever um gênero diferente e me aventurei no suspense. Nunca mais parei e hoje tenho vários livros publicados por editoras.
Seus livros de suspense e policial são intrigantes e bem elaborados. De onde você tira inspiração para criar essas histórias? Há algum caso real ou experiência pessoal que o tenha inspirado a escrever algum dos seus livros?
Foram ideias minhas, eu simplesmente pensei no tema principal e comecei a escrever. Claro que tive que pesquisar e também leio livros e assisto séries e filmes de suspense, mas nada do que publiquei até agora foi inspirado em história real. No entanto, tenho uma história pronta que é inspirada em um caso real aqui da minha cidade, mas que ainda não tem data de publicação.
As suas obras de suspense e policial apresentam personagens muito bem desenvolvidos, como o detetive Scott, personagem principal de “O Colecionador”, “Mutiladas”, “O Assassino das Noivas” e “Assassinato à Beira-Mar”. Como você desenvolve esses personagens principais para que eles sejam tão convincentes e cativantes para o leitor? Qual é o papel do detetive Scott na trama e como você o criou?
Tem-se algum personagem que se parece comigo em vários pontos é o detetive Scott, eu coloquei muito de mim no personagem, mas principalmente a questão ética e caráter. Eu criei o detetive Scott com a ideia de fazer um detetive diferente de todos os que existem nos livros. Ele é considerado o melhor detetive de New York, que nunca deixa um caso a ser resolvido e é sempre escalado para casos complicados.
Você já ganhou vários prêmios literários, incluindo o Prêmio Melhores do Ano da Academia Sinopsense de Ciências e Letras – ASCL e o Prêmio Ecos da Literatura. Como é para você receber esse reconhecimento? Você acredita que esses prêmios ajudam a impulsionar sua carreira e a incentivar novos escritores e que a sua formação em Administração e sua experiência na universidade influenciaram de alguma forma a sua escrita?
Esses prêmios dão visibilidade, principalmente o Ecos da Literatura que é um prêmio nacional com evento em São Paulo. Inclusive estou entre os finalistas pelo terceiro ano seguido. A minha formação acredito que ajuda na parte burocrática, na maneira como eu organizo minha escrita, minha rotina, mas não no que escrevo. Meu trabalho na universidade com certeza influenciou na minha carreira, acredito que se eu não trabalhasse na biblioteca por quase 15 anos não teria me tornado escritor.
Há planos para continuar a escrever nesse gênero ou você planeja experimentar outros gêneros literários? Tem algum projeto em andamento que possa compartilhar conosco?
Não penso mais em mudar de gênero. Tenho três livros aguardando publicação, sendo que dois deles também são protagonizados pelo detetive Scott e esse outro que é inspirado em um caso real. É um caso de um serial killer que passou até na Globo no programa Linha Direta.
A escrita de contos é bastante diferente da escrita de romances, já que é necessário criar uma história intrigante em um espaço mais limitado. Como você se prepara para escrever contos de suspense e policial? Existe alguma técnica ou abordagem específica que você usa para criar uma história envolvente em um número limitado de palavras?
Escrever conto é rápido, mas não tão fácil como parece. É bem difícil contar uma história envolvente em poucas páginas, com início, meio e fim. Não tenho técnicas especiais, mas tento imaginar o desfecho da história logo ao iniciar o conto, para que as coisas vão acontecendo na medida certa até o final da trama.
Você pode nos contar sobre uma cena marcante em que o detetive Scott está investigando um crime em um dos seus livros de suspense/policial? Como você desenvolve a construção dessa cena para criar um clima tenso e envolvente para o leitor?
É um pouco difícil falar sem contar a história, mas nos livros de suspense é preciso deixar o leitor curioso, ansioso para saber o que acontece no próximo capítulo. Uma cena marcante é o momento que Scott entre em situação de perigo, correndo até mesmo risco de morte, ou até mesmo sua esposa. Deixar o leitor com medo de que o personagem principal vai morrer é uma das coisas que uso. Eu tento deixar o leitor com medo, torcendo pelo detetive, fazendo o leitor desejar que o criminoso seja preso o mais depressa possível. Fazer o leitor acreditar que a vítima vai conseguir fugir, se livrar das garras do assassino. São algumas das coisas que eu uso.
O detetive Scott é um personagem recorrente nas obras. Você planeja continuar a desenvolver esse personagem em futuros livros?
Detetive Scott até agora está em seis histórias entre publicadas e a publicar e também um conto. Penso em futuramente escrever uma sobre o primeiro grande caso dele.
Você trabalhou aproximadamente 15 anos na área de biblioteconomia e de repente decidiu investir no setor de compras. Qual foi o gatilho que promoveu essa virada de chave na sua vida?
Eu sou concursado como assistente de administração, então posso trabalhar em quase todos os setores da universidade. Quando entrei fui lotado na biblioteca, não por formação, mas por necessidade da instituição. Depois de quase quinze anos eu não esperava a mudança, foi escolha da direção me mudar de setor. Se eu pudesse escolher teria permanecido na biblioteca.
De uma forma geral, como avalia a participação da literatura na sua vida?
Acredito que foi uma coisa muito positiva, conheci muita gente maravilhosa, aprendi muita coisa e o mais importante, deixei de ser apenas o Sérgio da biblioteca e passei a ser conhecido como escritor, algo que há alguns anos era inimaginável. A minha experiência na Bienal de SP foi a melhor de todas até o momento em minha carreira, eu nunca estivesse em São Paulo antes e mesmo assim centenas de leitores foram lá para comprar meus livros ou só para tirar uma foto comigo. É muito gratificante saber que alguém gosta de algo que você escreveu e ainda mais ouvir pessoas dizendo que são fãs de meu trabalho.
Acompanhe Sérgio Fragoso no Instagram
Parceria com Luca Moreira