Badi Assad fala sobre expectativa para turnê internacional e seus estilos musicais

Com novo projeto, intitulado “Ilha”, Badi Assad, uma das artistas mais versáteis do país, está de malas prontas para viajar o país em sua mais nova turnê. Levando as oito canções inéditas do álbum, seus grandes sucessos e releituras de clássicos da MPB, a artista ainda irá passar pelos Estados Unidos, França, Áustria e Alemanha levando a música popular brasileira para todos os locais.

Ao lado dos músicos Meno Del Picchia (contrabaixo e samplers) e Décio 7 (bateria e samplers), Badi Assad apresentará ao vivo as faixas recém lançadas de sua autoria “Eterno” e “Palavra” e as compostas em parceria com Chico César, Alzira E, Lucina, Lívia Mattos e Dani Black: “Do silêncio veio o som”, “Traga-me”, “Fruto”,  “Ilha das Flores”, “Olhos d’água” e “Ilha do Amar”; além  da  versão original da autoral ‘Waves’, música presente no CD Chameleon (1998) que entrou para a trilha musical do filme Hollywoodiano ‘It runs in the family’ com Kirk e Michael Douglas.  Para fechar o repertório, a cantora ainda fará releituras de grandes canções como “A Raça Humana” e “Se quiser falar com Deus” de Gilberto Gil e “Comportamento Geral” de Gonzaguinha.

Produzido por Márcio Arantes – conhecido por trabalhos com Maria Bethânia, Emicida e Mariana Aydar- o novo álbum da Badi Assad, “Ilha” traz um diálogo entre diferentes gerações acerca de reflexões sobre o início de um novo mundo e as escolhas que faremos para essa nova construção, recheando-se de reflexões poéticas a partir de uma visão universal sobre o ser humano.

O show “Ilha” tem uma ficha técnica primorosa, trazendo figurino de Teresa Abreu, cenografia de Vinicius Simões, projeto de luz de Miló Martins e direção geral de Rodolfo Dias Paes (DiPa), recheado de efeitos especiais. Já quando Badi se apresenta em formato Solo, o repertório se expande para abraçar músicas que também enfatizam sua performance virtuosística na voz e violão.

Violonista, cantora, malabarista vocal, compositora e escritora, Badi Assad emergiu como uma das artistas mais versáteis de sua geração. Com 20 álbuns lançados em todo o mundo e mais de 40 países visitados, seu CD Wonderland de 2006 foi selecionado entre os 100 melhores da prestigiada BBC London  e também foi incluído entre os 30 melhores da Amazon.com. Em 2018 o filme sobre sua vida ‘Badi’ ganhou vários prêmios nacionais e internacionais, como o de melhor documentário no LABAFF (Los Angeles Brazilian Festival de Cinema). Confira a entrevista!

Com uma turnê iniciada recentemente e vários shows marcados, o que o público poderá esperar dessa sua próxima fase, além das novas músicas, é claro?

Para construir uma narrativa e amplificar a ressonância do repertório, escolhi visitar algumas obras já conhecidas do grande público, como ‘Se eu quiser falar com Deus’ (Gilberto Gil), ‘Comportamento Geral’ (Gonzaguinha) e Lucro (Baiana System). Com elas, pude criar uma história, ao lado do diretor Rodolfo Dipa, que começa desde antes das embarcações (de onde tudo começou), passando por turbulências e naufrágios, mas que, finalmente, encontra paz em uma Ilha imaginária, que está tanto do lado de fora quanto do lado de dentro de nós. Afinal somos um tanto de carne, osso, pele e emoções cercados de ar por todos os lados.

Algo muito marcante ao ouvirmos suas músicas é que em cada uma você demonstra uma grande versatilidade, levando em conta a sonoridade que cada faixa traz. Como definiria o seu estilo musical e qual acredita ser a sua maior missão como artista?

Meu estilo musical acaba sendo muito particular, por trazer na bagagem muitas influências distintas, tanto no estilo quanto na identidade artística. Quando escrevi o livro ‘Volta ao Mundo em 80 Artistas’ (que acabou de ser lançado como e-book e audio-book comigo narrando!), compartilhei sobre artistas vindos de todos os cantos do mundo, que me influenciaram direta ou indiretamente. É muita história pra contar. Como sou muito curiosa e uma eterna aprendiz, me deleito em desafiar-me a estar sempre aprendendo algo diferente. Por isso a versatilidade, que é, na verdade, uma forma de saciar minha sede de estar sempre saindo da zona de conforto e me lançando ao novo. Minha missão como artista cada vez mais se mistura a da minha vida, que é a de me conectar com algo superior a mim, que nos une a todos, através daquilo que reside no meu mais profundo de mim, que pode ser chamado de Eu Superior e/ou Intuição. 

A cada turnê que passa, acredito que fica mais difícil escolher o repertório para os shows, como é feita essa escolha?

Geralmente as turnês são embasadas nos lançamentos recentes e por conta de meus discos sempre abordarem temáticas específicas, o repertório acaba se norteando pelas histórias que estou contando. Por este ângulo não fica difícil. Todavia pelo acúmulo de músicas no repertório (afinal são 20 CDs lançados) eu acabo tendo a liberdade de me revisitar sempre que dá vontade e isso geralmente acontece.

Quais canções não podem faltar em um show do Badi Assad?

Aquelas que fazem minha performance ser única, por exemplo quando apresento minha ‘Mulher Banda’, emitindo vários sons simultaneamente, e sem efeitos tecnológicos, tanto na voz quanto no violão. Também não pode faltar alguma música onde o cruzamento da voz e violão seja virtuosamente apresentado. Ou seja, não é apenas um violão que acompanha uma voz, mas uma violonista que acompanha uma cantora. Duas entidades que convivem em mim. E, com certeza, não pode faltar uma variedade dinâmica de emoções, e isto é pautado pelo repertório. Essa montanha russa, onde intercalo uma canção romântica com outra de protesto, por exemplo.

Além de você, essa nova turnê contará com participações especiais, tais como Meno Del Picchia e Décio 7. Como foi se reunir a esses dois nomes em suas apresentações?

A primeira viagem que o Décio 7 fez para a Europa, foi comigo, na ocasião do lançamento de ‘Wonderland’ (2005). Mas apesar de nos conhecermos há muito tempo, fazia um bom tanto que não fazíamos nada juntos. Como em ‘Ilha’ eu queria reproduzir os sons que o produtor Márcio Arantes tão magistralmente criou, eu queria um baterista que entendesse bem de samplers e o Décio é um craque nisso. O Meno também esteve no palco comigo quando lancei ‘Amor e Outras Manias Crônicas’ e pelo mesmo motivo, eu o chamei por ser, além de um multi-instrumentista incrível, um músico que entende muito bem a linguagem dos samplers.

A nova turnê se chama “Ilha”, alguma razão específica para a escolha desse nome? Qual o significado?

Minhas indagações sobre o naufrágio da sociedade já eram presentes muito antes da pandemia. Em 2018 eu planejava fazer um álbum duplo onde um se chamaria ‘Nau-frágil’ e o outro ‘Ilha’, como uma metáfora de que se a sociedade naufragasse e tivesse a chance de encontrar uma nova ilha para recomeçar, o que se levaria para essa ilha? O que seria relevante para começar tudo outra vez? Daí veio a pandemia e, obviamente, não era mais hipotético o naufrágio. Então me sobrou a ‘Ilha’. Todas as canções desse disco foram compostas com essas indagações. Porém no show eu trago um pouco do naufrágio para criar a dinâmica que imaginei em minha proposta inicial.

Na tracklist dessa nova turnê, o público poderá conhecer novas faixas, tais como “Do silêncio veio o som”, “Traga-me”, “Fruto”, “Ilha das Flores”, “Olhos d’água”, entre outras, que foram compostas em parceria com Chico César, Alzira E, Lucina, Lívia Mattos e Dani Black.  Como foi essa troca entre vocês?

Muito natural, apesar da pandêmica distância. Uma prova de que pra se fazer música juntos o importante é a conexão, e essa acontece em uma frequência além do presencial.

Outra pessoa que vem acompanhando a sua carreira é o produtor Márcio Arantes que ficou conhecido por trabalhar com nomes consagrados como Maria Bethânia, Emicida e Mariana Aydar. Como o caminho de vocês se cruzou pela música?

Quando lancei meu primeiro disco 100% autoral (Amor e Outras Manias Crônicas) eu chamei o Guilherme Kastrup para ser o produtor e foi o Guilherme quem me apresentou o Márcio, quando o sugeriu para produzir o disco juntos. Foi uma experiência incrível! O Márcio tem uma sensibilidade muito aguçada para entender, sugerir e concretizar o que o artista está propondo. Além de ser um multi-instrumentista excelente, ele é um arranjador competente e entende muito de tecnologias modernas. Portanto estar com o Márcio é estar junto de uma mente brilhante e antenada, ao mesmo tempo em que amoroso, dedicado, organizado e muito profissional.

Violonista, cantora, malabarista vocal, compositora e escritora. De onde costumam vir suas inspirações para os seus projetos e de que forma a cultura costuma influenciar seu dia a dia?

Não há uma divisão entre onde está a Badi artista e a Badi pessoa. A arte está em mim desde a hora que acordo até a que sonho. Assim, a cultura, que é a exaltação das artes na sociedade, está presente em tudo o que eu faço por acreditar que elas (as artes e suas criações) estão em tudo o que é vivo. Então, ‘sou arte, logo existo’   As inspirações estão diretamente ligadas a intuição.

Acompanhe Badi Assad no Instagram

Com Luca MoreiraLetícia Cleto e Affonso Tavares

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