Movimento compartilhado nas redes sociais permite a brasileiros ajudarem homossexuais a realizarem o desejo de casar
No final de 2018, após a vitória Jair Messias Bolsonaro do PSL, a comunidade LGBT+, com receio da repressão que poderia vivenciar, apressaram o casamento. Diversos comentários homofóbicos foram mencionados nos meios de comunicação por ele e seus eleitores. Foi perceptível o medo dos homossexuais de não viverem tranquilamente, pois os atos de violência contra gays se tornaram constantes. De acordo a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), houve um aumento de 25% entre janeiro a outubro nos casamentos LGBTs no Brasil. Nas redes sociais, entre elas Twitter e Facebook, as tags #CasamentoLGBT e #NinguemSoltaAMãoDeNinguem foram usadas em apoio à comunidade.
Jessica Santos, 28, jornalista do Rio de Janeiro, escreveu em seu Twitter que poderia fotografar de graça em casamentos LGBT+. Foi a forma que encontrou de ajudar as pessoas que iriam se casar em 2018. O Twet teve mais de 28 mil curtidas e nos comentários, pessoas de várias cidades também ofereceram serviços. Jessica ainda se disponibiliza fotografar caso alguém a chame e achou maravilhoso várias pessoas se disponibilizarem.
O ator cearense Silvero Pereira, 36, foi voluntário em um casamento lésbico em um bar de Fortaleza. Ele celebrou a união simbolicamente conduzindo os votos. Para Silvero não existe diferença entre casamento hétero e homossexual. “Tudo é união e amor”, justifica o ator. Conta que já recebeu outros convites e sempre que tiver oportunidade irá participar. No mesmo casamento, Yasmim Rocha, que trabalha como bartender há quatro anos, aceitou fazer parte do movimento. Ela explica como isso aconteceu: “A dona resolveu ceder o espaço do bar para o casamento de duas moças e fez a campanha para montar a equipe. Foram mais de 30 voluntários”. Yasmim quis fazer parte por sororidade, pois sabe que a dificuldades para casamentos homossexuais acontecerem. De acordo com ela até nos bastidores houve palavras homofóbicas “Tiveram alguns comentários desnecessários enquanto nos montávamos a equipe. Do tipo: “sapatão não tem dinheiro para pagar pela festa como todo mundo, não?!”
Rogério Maia é jornalista em Fortaleza, gosta de fotografar e ajudou em dois casamentos. Junto com um grupo de amigos, Rogério foi padrinho e fotografou a cerimonia surpresa para um casal gay. Com todos de branco e caminho de velas, a festa foi realizada num local aberto na Praia de Iracema. Em outra celebração, em ambiente fechado, participou da equipe de apoio e deu de presente as fotografias da festa para um casal lésbico. Rogério se oferece para fazer parte de outros “Se a possibilidade de ajudar alguém, porque não? ” esclarece. Rogério quis participar por considerar gratificante ajudar, pois acredita que a vida conspira de uma forma positiva e que o ser humano precisa ser respeitado com direitos iguais.
Em outra ocasião, o Ainda Existe Amor Em Fortaleza – AEAF, fundado em 2015, é um grupo de voluntários que incentiva a cultura e leva amor através da arte. Em 16 de Dezembro de 2018, realizou um casamento coletivo LGBT+. AEAF definiram a organização como Amor, Conexão, Luta e Resistência, e divulgaram no instagram para quem quisesse ajudar. Sara Avelino ajudou arrecadando alimentos para o jantar. Dando apoio e se solidarizando com a causa, Sara acredita que compaixão faz as pessoas seguirem em frente e observa o receio da comunidade “Não acho que as pessoas têm medo de casar. Elas querem casar. O medo é de se assumir” responde