Déa Diell se abre sobre participação da música em sua vida: “parte da minha alma”

Apaixonada por misturar sonoridades sem medo de ousar, Déa Diell é uma artista nova que transita entre o pop alternativo e a MPB “fresh”. Essa versatilidade a faz ir dos ritmos mais modernos, presentes nos singles “Te Vejo”, feito com Amanda Coronha, e “Rainha”, para um clima de trilha de filme, como na recém-lançada “L’amour”, canção que mistura elementos vintage com atuais, e tem a participação do naipe de cordas de músicos que tocam na OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo).

Ao lado do renomado produtor Beto Villares (conhecido pelas trilhas de cinema e por lançar a cantora Céu), Déa se arrisca a abordar temas não muito convencionais, que se misturam com sua espiritualidade. Nesta música, escrita juntamente com Bibi, Bárbara Dias, Marianna Eis, ela fala de amores de outras vidas. Assim, a cantora pretende tocar na sensibilidade das pessoas, principalmente nestes tempos difíceis e estranhos que a humanidade está passando e, consequentemente, deixando de sentir.

Para acompanhar essa nostalgia, o visualizer dirigido por Pedro Fiorillo (responsável por vídeos da Vogue e Day Limns) segue uma estética cinematográfica clássica. Suas nuances inspiracionais traduzem o sentimento expressado na letra, traz reflexões e convida para uma dança leve. Equilibrar o antigo com o contemporâneo faz parte das características artísticas de Déa, e arquiteta o conceito do EP “Ansiosa”, desenvolvido por ela, ao lado de Beto e de Roberto Pollo (Tiago Iorc). O projeto será composto pelos três singles já apresentados e outras faixas inéditas. Confira a entrevista!

Explorando novas sonoridades a cada lançamento, o seu novo lançamento “Fresh”, mantém o equilíbrio entre o MPB e o pop alternativo. Como foi conseguir chegar a combinação ideal para essa faixa?

Essa combinação de estilos não foi pensada. O processo de criação é muito intuitivo e só depois a gente entende o que fez. Quando terminou a composição, eu tava ali chorando porque tinha certeza que era uma música feita com alma. Na hora de produzir e lançar achava ela muito lado B, mas me permiti fazer o que tinha vontade, sem pensar no apelo comercial. E esse é o grande aprendizado que eu tiro disso. Foi a musica menos pensada em “acertar” e a que mais repercutiu bem. Porque tem verdade e isso as pessoas sentem. A musica é bem mais longa que a maioria dos lançamentos atuais e isso não teve impacto algum. Também acho que outros artistas se surpreendem muito positivamente com suas faixas “lado B”. Pra mim, Penhasco de Luisa Sonza é um exemplo lindo disso.

Se diferenciando de seus mais antigos lançamentos tais como “Te Vejo” e “Rainha”, e que nesse último trouxe um ritmo mais cinemática com uma combinação de vintage e ritmos mais atuais. O que costuma inspirá-la nessa ecleticidade musical?

Na verdade, os elementos vintage, como cordas, pianos clássicos dizem muito sobre mim. Sinto que já vivi ali naquela época então cada vez mais quero que isso seja presente na minha identidade.

Déa Diell (Foto: Thiago Lima)

Uma das grandes atrações a parte da sua música foi a participação de músicos que tocam para a OSESP, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Como foi contar com essa cereja a mais no bolo?

Eu respeito e admiro demais o meu produtor, Beto Villares. Eu tinha certeza que tudo que saísse dele seria incrível. Acho que a forma que ele cria para orquestras nos filmes é diferente. Ele adora experimentar ruídos estranhos, barulhinhos e consegue trazer ao mesmo tempo os instrumentos clássicos. E ele sempre conta com os melhores músicos pra embarcar nisso com ele. Foi o que aconteceu com o quarteto da OSESP. Eu não tinha como estar mais feliz com tudo isso.

Em uma declaração dada na apresentação do seu lançamento, você afirmou gostar de interligar o passado ao presente em suas composições. Como geralmente funcionam os seus processos criativos?

Nesse EP eu juntei compositores que me conhecem muito bem e têm um talento enorme. Fomos para uma casa distante da cidade, rodeada de natureza, por 4 dias. Ficamos imersos compondo sem parar. São os famosos camps e que estão cada vez mais frequentes meio musical aqui no Brasil.

E existe uma energia diferente nesses encontros. Os artistas realmente entregues e abertos para doar o seu melhor ali. E tudo acaba fluindo de um jeito muito especial. O resultado é musicas incríveis e amigos pra vida.

Assim como nada na vida é feito totalmente sozinho, uma de suas grandes parcerias nessa nova música foi a do produtor Beto Vilares, que inclusive fez diversas trilhas de cinema. Como foi a troca de vocês durante o processo de criação?

Conheço o Beto a mais de dez anos e sempre quis trabalhar com ele. Fui persistente e o momento chegou. Ele é muito experiente e foi aberto para a troca, para ouvir o que eu queria. Também participei muito de perto do processo dele e isso faz toda diferença para que a identidade dos 2 esteja muito presente ali. Hoje existem muitos produtores fazendo música de uma forma mais rápida e as vezes sem esse tempo para encontrar sonoridades novas e experimentar. Eu sabia que com o Beto não seria assim, a gente deixou o som amadurecer, sem pressa.

Déa Diell (Foto: Thiago Lima)

Uma das grandes características que impõe em seus lançamentos é o espírito aventureiro e de riscos que acabam se fazendo necessários para o enredo de suas músicas. Por esse ponto, até onde você se sente capaz de ousar em seus trabalhos?

Eu me desafio constantemente a fazer coisas novas. Antes de ser cantora eu era publicitária e trabalhava na área de tendências e inovação. Faz parte da minha essência buscar originalidade. Mas, por outro lado, quero sempre que minha arte seja acessível. Chaplin é meu grande ídolo, porque inovou, marcou a história com genialidade, mas com muita simplicidade. Pra mim esse é o caminho que quero trilhar. Que adianta inovar se ninguém consumir sua arte?

Relatando amores diferentes que vivenciamos em nossas vidas, a nova música foi uma composição sua em parceria com Bibi, Bárbara Dias e Marianna Eis. Como aconteceu esse comportamento de experiências até chegarem na letra ideal?

A letra surgiu muito intuitivamente, sem pensar previamente em nada. Nem temas, nem frases. Os compositores mais geniais que conheço, não fazem música de forma racional, não ficam calculando a música, só a deixam vir sem julgamento nenhum. O que guia é a intuição.

Além da sonoridade em si, outro elemento que auxilia bastante na transmissão dos pensamentos da música é o videoclipe. Como foi trabalhar com o diretor Pedro Fiorillo no vídeo?

Vocês ainda vão ouvir falar muito do Pedro. Ele tá só começando. Tem um bom gosto enorme e ideias muito criativas. E o mais surpreendente é que esse visualizer foi feito de forma muito despretenciosa, dentro do meu próprio quarto, praticamente sem produção, mas com um olhar muito artístico, muito sensibilidade e talento de toda equipe.

Qual acredita ser a sua principal missão como artista e qual legado deseja deixar com seu trabalho? Consegue imaginar sua vida sem música?

Minha missão é trazer uma arte sensível que toque as pessoas com sutileza, leveza. Hoje as emoções tão mais rasas, tudo muito efêmero. A indústria da música muito mais voltada pro entretenimento, mas ainda assim sempre vai existir espaço pra quem quer ter emoções mais profundas, momentos mais introspectivos. Pra mim, a vida sem música é ser apenas metade de mim. Porque eu não tenho a música como algo externo, ela faz parte da minha alma.

Acompanhe Déa Diell no Instagram

Com Luca MoreiraLetícia Cleto e Affonso Tavares

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