Entre o funk e o anime: a ousadia de MC Maha no cenário geek

O nome dele é Dominic Patrick da Costa-Maha, mas você provavelmente o conhece como MC Maha — o funkeiro que fez o mundo nerd rebolar ao som de “Harry Porra e a Bruxinha Rabuda”. Natural de Trinidad e Tobago e radicado em Sobradinho (DF), Maha é um dos maiores representantes do chamado “funk geek” ou “funk nerd”, subgênero que mistura batidas de funk com referências da cultura geek de forma criativa.

A mistura inusitada de funk com o universo de Harry Potter, Naruto, Dragon Ball Z, Game of Thrones e O Senhor dos Anéis garantiu milhões de visualizações no YouTube. Com uma carreira que começou na atuação e até flertou com o axé, o artista encontrou seu espaço ao transformar personagens e histórias consagradas em letras cheias de humor.

Antes do sucesso, MC Maha tentou cursar teatro e Educação Física, mas largou os cursos por dificuldades financeiras. Trabalhou como modelo e até tentou entrar numa banda de axé, mas foi no funk — e nas mãos do produtor DJ WS — que começou o ‘funk geek’. Em 2017, lançou seu maior hit e, desde então, tem construído uma trajetória marcada por inovação, memes e ousadia.

Maha contou que a música mais difícil que já produziu foi “Evangelion Automotivo”, inspirada no anime Neon Genesis Evangelion. “Por conta da própria complexidade do anime em si”, explica. Já a mais tranquila? “O funk da Bettina, que era um meme em alta na época e fluiu rapidinho”.

Em 2024, o artista surpreendeu com a faixa “Eita Saudade”, uma fusão envolvente de afrobeats com baião.

“Foi uma música que fiz pra mim mesmo. Misturar o afrobeat veio naturalmente no processo de produção, porque gosto muito do estilo e queria manter a essência do baião”.

O resultado foi uma faixa carregada de emoção e brasilidade, mostrando que Maha sabe sair da caixa — e fazer isso com maestria.

Criatividade sob pressão

Reconhecido como um dos artistas mais criativos do funk brasileiro, Maha admite que o sucesso vem com um peso.

“Me sinto um pouco preso pelo fato de sempre ter que entregar algo criativo, mas ao mesmo tempo livre pra poder ser o mais ridículo possível também. É uma estrada bifurcada”.

Mas é justamente essa dualidade que torna seus shows tão únicos. Sobre as apresentações especiais em Fortaleza e Recife para o Bailão Nerd, ele promete:

“Vou fazer com toda a minha alma. Quando a gente coloca o coração nas coisas, as chances de ficar algo bonito sempre são maiores”.

Crescimento nerd no rolê

Para MC Maha, o crescimento das festas temáticas voltadas para o público geek é uma oportunidade valiosa para artistas: “Abre portas pra nós desse meio que não tínhamos tanto espaço assim pra realizar apresentações”, afirma. E se você acha que ele já explorou todos os universos possíveis, saiba que ainda tem planos para o futuro.

“Um universo que eu gostaria muito de explorar musicalmente, mas ainda não consegui, é o do Rick and Morty”.

Críticas, haters e repercussão

Em tempos de opiniões divididas nas redes sociais, MC Maha reconhece que o humor nas paródias pode gerar reações intensas:

“O pessoal vem xingar o tempo inteiro, mas quando não estou sendo criticado é porque não estou alcançando limites fora da bolha, porque quem já me acompanha gosta. Então o hate pra mim é um indicativo de crescimento”.

Foi com Harry Porra e a Bruxinha Rabuda que ele sentiu o impacto do próprio alcance:

“Eu percebi a proporção quando vi o Whindersson postando ‘Wingardiim Levi rola’ no Twitter e quando o Felipe Neto fez react”.

A presença de outros criadores de conteúdo reagindo ao seu trabalho aumentou o número de ouvintes.

Funk é resistência

Quando o assunto é preconceito com o gênero, MC Maha não foge da reflexão crítica:

“O funk é um estilo que não cobra o estereótipo padrão que outros estilos impõem ao mercado. Pra ser funkeiro, você não precisa ser bonito, estudado ou ter aula de canto. Basta se encontrar no ritmo e botar sua voz com sua energia. Isso abre espaço pra quem não tem oportunidades ou recursos, mas ainda assim consegue alcançar sucesso com força de vontade e talento. Ele é inclusivo, e as pessoas mais apegadas a uma ideologia elitizada geralmente atacam o estilo por ele trazer esse estereótipo do favelado, do pobre, do preto. (O funk) Ainda está lutando para sair desse estigma de negatividade ao qual foi atribuído, ligado ao nosso racismo cultural interno, ainda descendente da psiquê colonialista que aos poucos vamos entendendo e tentando desprender de nós”.

Enquanto novos lançamentos vêm aí, siga o mestre do funk nerd no Instagram e no X/Twitter (@mcmaha_oficial) e nas plataformas de música para não perder nada.

*Parceria com Luca Moreira

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