Francy Lima, natural de Morada Nova, CE e atualmente residente em Fortaleza, é uma escritora multifacetada que desde os 6 anos de idade encontrou na escrita sua paixão. Contudo, foi apenas em 2017, ao publicar um livro infantil, que decidiu mergulhar de forma profissional nesse universo. Entre suas obras, desponta “15 dias para viver”, romance que marcou um ponto de virada ao revelar sua inclinação para narrativas centradas nas experiências e anseios femininos.

Seu engajamento com histórias que ecoam no universo das mulheres é evidente, trazendo à vida personagens que enfrentam uma gama de desafios, amores, dramas e comédias, ressoando profundamente com o público feminino. Francy é uma mulher que vive plenamente, graduada em Educação Física, palestrante, empresária e defensora da autenticidade. Além da escrita, sua paixão pela arte, dança, cinema, música e viagens moldam sua jornada, assim como a preciosa companhia de seus filhos, animais de estimação e pessoas que irradiam bom humor. Sua crença fundamental é que toda mulher merece viver sua verdade e ser senhora de sua própria vida.

No cenário literário, Francy Lima é mais do que uma autora de romances; ela compartilha contos, poemas e crônicas. Seu dia a dia literário e suas reflexões são partilhados nas redes sociais, onde ela conecta de forma íntima com seus leitores. Sua jornada é marcada por uma versatilidade cativante e pela busca constante por inspiração e conexão com o mundo feminino.

Você decidiu se dedicar à escrita de forma profissional após publicar um livro infantil em 2017. O que a motivou a dar esse passo e entrar no mundo da escrita profissional?

Sempre escrevi. Desde os meus 6 anos eu já amava esse universo das histórias, dos livros e criava minhas próprias narrativas. Ao passo que fui crescendo e já entendia o significado de ser escritora, eu ansiava por ter meus livros publicados e lidos por muitas pessoas. Mas há algumas décadas não existiam as facilidades que a internet e a tecnologia oferecem hoje. Quem escrevia dependia unicamente do aval e chancela de uma grande editora e era quase impossível chegar até elas.

Em 2017, após enviar um arquivo com diversos contos infantis para uma editora eu recebi a resposta de que tinha sido selecionada para ser publicada, porém, me cobraram quase 10 mil reais na época e só depois de ser patrocinada por uma amiga para a publicação do meu livro infantil “Felícia, a porquinha cor-de-rosa” eu percebi que havia diferenças entre editoras e prestadoras de serviço. Então eu vi que havia muita coisa para aprender sobre ser escritora, sobre publicar e vender livros. Vi também que havia mudanças no meio literário e editorial, que a internet estava abrindo portas para escritores, que era possível publicar os próprios livros e isso me motivou a investir na carreira de escritora, através de pesquisa, estudo e práticas sobre escrita, publicação e marketing literário.

Seus livros e histórias são focados principalmente em personagens femininas. O que a levou a escolher esse enfoque e qual mensagem você deseja transmitir às leitoras por meio de suas histórias?

Após publicar meu livro para crianças em 2017 eu percebi que me dedicar ao público infantil talvez não fosse o que eu mais queria. Era legal escrever histórias infantis, mas eu queria escrever outras coisas, falar de outros assuntos. Então comecei a participar de várias antologias e publiquei nelas contos em todos os gêneros, do romance ao terror e foi nesse processo de escrever para o público adulto que fui entendendo meu estilo de escrita e vendo o que mais me dava prazer escrever. Comecei a entender um pouco mais sobre a carreira literária e vi que se eu quisesse realmente ser reconhecida como escritora não daria para continuar escrevendo de tudo.

Então em 2018 quando lancei meu primeiro romance “15 dias para viver”, trazendo Morgana no papel principal eu já tinha decidido escrever para o público adulto e usar minha escrita para discutir preconceitos, tabus e questões sociais. Em 2019 o segundo romance “5 minutos” veio com mais uma mulher no papel principal e outros temas e tabus sendo discutidos através da história.

A partir daí eu notei que todas as minhas narrativas, fossem contos ou romances versavam sobre mulheres e suas dores, problemas, desejos, medos e superações. Então decidi utilizar isso como minha marca pessoal de escrita. Decidi que minhas histórias vem para discutir temas necessários e motivar mulheres a serem protagonistas na vida real, assumindo quem são e realizando sonhos.

Você é a criadora do Clube Literária+ e do Método L.E.R. Pode nos contar mais sobre essas iniciativas e como elas estão impactando a vida das mulheres?

O Clube Literária+ e o Método L.E.R nasceram de uma inquietação minha. Sempre fui uma pessoa criativa, diversa que amava aprender de tudo, fazer de tudo um pouco e tinha habilidades e paixões inúmeras e diferentes. Sempre ouvi que para ter sucesso eu deveria focar em uma única coisa e me especializar nela, que devia abandonar a arte, os hobbies e focar somente no trabalho até ser uma profissional muito boa em uma área específica. E eu até tentei, mas esse modelo de sucesso nunca funcionou para mim, eu queria liberdade para criar, experimentar e utilizar minhas múltiplas habilidades em diferentes projetos. E eu percebi que não sou a única a me sentir incomodada com esse modelo social e que eu poderia unir tudo o que sei e gosto para criar um negócio diferenciado.

Então eu criei o Clube Literária+ que é um clube de livros por assinatura exclusivo para mulheres que entrega muito mais que livros. Nas caixas mensais enviadas às assinantes enviamos além do livro, diversos presentes que não são necessariamente literários. Tudo o que tem a ver com o universo feminino pode ser enviado (acessórios, itens de papelaria, decoração, cosméticos, canecas, camisetas, etc). Além das caixas mensais, o clube propõe uma série de outros projetos para “mulheres literárias (leitoras, escritoras e toda mulher que ama livros) e atividades como cursos, mentorias, publicação de livros, eventos e o incentivo para que cada mulher esteja bem de corpo e alma e seja a protagonista da sua vida.

Já o Método L.E.R veio para unir minhas quatro maiores paixões que são Literatura, lazer, estilo de vida saudável e rotina lucrativa. No método eu utilizo minhas melhores habilidades como leitora, escritora, profissional de educação física e empreendedora serial para ajudar mulheres a lerem mais e melhor, além de mostrá-las como ter uma rotina mais leve priorizando o descanso e diversão. Na parte de vida saudável eu mostro os benefícios dos exercícios físicos, boa alimentação, sono, água e positividade para o bem-estar físico e mental e por fim trago meus conhecimentos como empreendedora para motivar mulheres a também viverem de suas paixões, criando negócios criativos a partir daquilo que mais amam e utilizando o poder da internet para crescer.

“Cartas para Ninguém” parece ser uma história profundamente emocional. A protagonista, Eudora, escreve cartas revelando segredos sombrios do seu passado. Como você abordou o processo de criação dessas cartas e a exploração dos segredos de Eudora?

“Cartas para ninguém” é realmente um livro muito visceral. Diferente dos meus romances anteriores, o livro não traz nenhuma cena bem-humorada, ou personagem engraçado, é uma narrativa dramática partindo de uma mulher que descobre ter pouco tempo de vida e que no desespero dessa descoberta resolve voltar a um apartamento antigo e confrontar seu passado que guarda segredos profundos, revoltantes e cruéis.

Comigo os títulos dos livros surgem antes da história. Então um belo dia acordei com o título do livro na cabeça e fui construindo possibilidades a partir dele. Lembrei de uma ideia para um conto que estava guardada a quase 2 anos e achei que ela poderia se encaixar. A partir de então eu fui imaginando cenas e outros fatos.

Eudora veio para denunciar diversas situações que mulheres são obrigadas a viver ao longo dos séculos e principalmente para discutir assuntos que ainda são polêmicos na atualidade. As cartas são estratégicas para contar a história dessa mulher e não seguem uma ordem cronológica. Penso que o livro pode ser lido de traz pra frente, do meio para o fim e ainda assim será possível entender a história. Foi o único livro que dispensou escaleta e foi escrito em 25 dias.

Como tem sido a experiência de promover eventos literários, como o CONEXÃO LITERÁRIA, e qual é a importância de conectar leitoras e escritoras?

Como a maioria dos artistas, sempre fui muito introspectiva no dia a dia, mas me sentia muito à vontade no palco. Ainda na infância eu gostava de participar de eventos da escola, igreja, etc e gostava de falar para plateias. A coisa de participar e promover eventos esteve presente na minha vida inteira. Então quando pensei num modelo de negócio eu queria que os eventos fizessem parte dele.

Os eventos online ou presenciais fazem parte do Clube Literária+. Além do Conexão Literária que acontece simultaneamente em vários lugares do Brasil realizado pelas embaixadoras do clube e tem essa proposta mais intimista para poucas pessoas nós temos também o Literária+ Day, que tem a duração de no mínimo 5 horas com palestras, oficinas, experiências, etc e para 2024 queremos realizar o Protagonize, um congresso nacional para unir mulheres de literárias de todo o Brasil em 3 dias de evento. Outras ações como podcast, cursos, lives, aulas e desafios também já estão sendo planejados.

Esses eventos tem um poder imenso de conectar as pessoas, de gerar interações, experiências, network, parcerias e amizades. O fato de abraçarmos escritoras, leitoras e mulheres literárias em geral em nossos eventos e ações cria laços fortes e conecta o público que escreve e produz livros ao público que lê e comenta o que foi escrito. Este é um diferencial e uma força do Clube Literária+.

Como concilia sua paixão pela escrita com sua formação em Educação Física e outros projetos paralelos?

Difícil para mim é fazer uma coisa só. Me reduzir a uma única tarefa ou habilidade me deprimi e me torna frágil. Eu gosto de ser múltipla e de explorar todos os meus lados e habilidades. Hoje não atuo como profissional de Educação física em academias ou afins, mas uso o conhecimento que tenho na área para criar personagens e abordagens dentro dos meus livros, também utilizo dentro do Clube Literária+ e Método L.E.R, além de produção de conteúdo, cursos e desafios de bem-estarque são maneiras de ajudar mulheres a cuidarem melhor da saúde. Para 2024 tenho alguns projetos que vão focar um pouco mais na área da saúde e espero dessa forma continuar abraçando minhas várias paixões e ajudando mulheres a exercitarem amor-próprio e autocuidado.

Você percebe o impacto do seu trabalho na comunidade literária, especialmente em relação às mulheres?

Sim, percebo muito. As mulheres se sentem à vontade num espaço exclusivamente feminino e ressaltam muito a importância de um projeto que valoriza a literatura feita por mulheres, que incentiva o protagonismo feminino e que dá voz e vez à mulheres que gostam de livros.

Os conteúdos sobre escrita, publicação, marketing e empreendedorismo literário tem ajudado diversas mulheres a enxergar na leitura e escrita uma possibilidade de carreira, negócio e expressão. E toda a abordagem voltada para a valorização da mulher motivando-as a serem autênticas, livres e felizes cria um ambiente de alegria, liberdade, força e acolhimento.

Quais são suas metas e aspirações como escritora para o futuro, e como vê seu papel na representação feminina na literatura?

A meta é que o Clube Literária+ cresça bastante. Ele é um projeto muito jovem e sei que pode se expandir e alcançar mais mulheres. Quero agregar parcerias, patrocínios e investimentos que possam somar e contribuir para que ela vá mais longe.

Pretendo colocar em ação todas as propostas que fazem parte do Clube, algumas que ainda não são realidade como a Revista Literária+, o podcast Literária+, a produção e publicação de livros tanto para serem enviados nas caixas quanto para atender à demanda de escritoras que desejam ter seus livros no mercado, além de ter nossa área de membros com diversos cursos e mentorias e ver nossos eventos crescendo, conquistando cada vez mais mulheres literárias. Quero estar presente em todos os estados brasileiros e quem sabe lá fora.

Desejo ver as mulheres ocupando seus lugares na literatura e na vida, sendo livres, felizes e prósperas sem precisar abrir mão de quem são e transformando suas paixões, conhecimento e habilidades em negócios lucrativos. Além disso, quero escrever diversos livros e impactar a vida de muitas mulheres com as minhas histórias, palestras e conteúdos.

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Com Luca Moreira