Jay Vaquer: uma jornada multidisciplinar na música e nas artes

Jay Vaquer é um nome que ressoa há mais de duas décadas na cena musical brasileira. Com uma carreira sólida que abrange 10 álbuns autorais, um CD/DVD ao vivo e inúmeras indicações ao Grammy Latino, Jay Vaquer é mais do que um músico; ele é um artista multidisciplinar que cativa seu público de maneira única.

Desde a infância, Jay já mostrava seu talento, gravando jingles de grande repercussão nacional. Adolescente, fundou sua primeira banda e começou a se apresentar na vibrante cena noturna de São Paulo. Em 2000, lançou seu primeiro álbum autoral, “Nem Tão São”, marcando o início de uma jornada musical notável.

A trajetória de Jay Vaquer é um mergulho profundo na diversidade musical. Seus trabalhos incluem desde o álbum “Vendo a Mim Mesmo” (2004), que ganhou destaque na MTV e expandiu sua base de fãs, até o aclamado “Canções de Exílio” (2016), indicado ao Grammy Latino como melhor produção e melhor disco de rock em língua portuguesa.

Além de criar sua própria música, Jay teve suas composições gravadas por nomes ilustres da MPB, como Milton Nascimento e Toninho Horta. Seus clipes também conquistaram o público, com todos alcançando o primeiro lugar nas paradas da MTV. Ele não apenas atuou em seus vídeos, mas também dirigiu muitos deles, mostrando seu talento em várias facetas artísticas.

Jay Vaquer não se limita à música e aos palcos. Com formação em Comunicação Social pela FAAP e em Artes Cênicas pelo Célia Helena, ele traz sua paixão pelas artes para outras formas de expressão. Como ator, atuou em peças de destaque e participou do musical “Cazas de Cazuza”, onde brilhou no papel de Justo Grinberg.

Sua versatilidade o levou a escrever músicas para espetáculos teatrais e a se aventurar como dramaturgo, criando musicais como “Meia Noite Cinderela” e “Síndroma”. Em 2022, seu musical “Poema!” recebeu o prêmio de Melhor Musical Original do “Musical.Rio”, solidificando sua posição como um dos grandes talentos da cena artística brasileira.

Jay Vaquer não mostra sinais de desaceleração. Além de dirigir a nova montagem de “Cazas de Cazuza”, ele está preparando lançamentos musicais e continua a explorar novos projetos no mundo das artes. Seu compromisso com a criatividade e a autenticidade é uma inspiração para artistas e admiradores de todas as idades. Jay Vaquer é mais do que um músico; ele é uma voz multifacetada que continuará a enriquecer a cultura brasileira com sua arte e paixão.

Com 23 anos de carreira e 10 álbuns lançados, você viu muitas mudanças na indústria musical ao longo dos anos. Quais são as maiores lições que aprendeu durante esse tempo e como você vê a evolução da música no Brasil?

23 anos desde o lançamento de meu primeiro trabalho fonográfico, o “Nem tão São”,  mas me considero um artista que se expressa desde a infância. Não estabeleço meu primeiro trabalho fonográfico como um marco de início de minha carreira. Antes daquilo, já tinha feito bastante coisa.

Na indústria musical, vimos a democratização da produção e distribuição de trabalhos. Com isso, jogar uma música no mundo ficou muito mais fácil, mas alcançar destaque não é tão simples. Muita novidade acontecendo diariamente.  Literalmente. Muitos passaram a assistir vídeos na velocidade dobrada, dividindo a tela com um gnomo descascando pepino de maneira pitoresca pra manter interesse durante a exibição do vídeo. Se escrevo mais de dois parágrafos, já chamam de “textão”.   Muitas “campanhas políticas permanentes” pedindo atenção: “Olhe eu aqui! Existo! Conheça! Vc pode gostar.”

Nessa pulverização de trabalhos disponíveis, há para todos os gostos e muitos artistas sobrevivem bem em nichos específicos.  No meu caso, quando falamos sobre música, infelizmente estou fora do radar dos festivais. Também fico distante de programas grandes de tv, podcasts, rádios. Só na base de meu modesto perfil no Instagram, anuncio shows, dá um público bacana interessado e tudo certo. Algumas pessoas acabam confundindo fama e “auê” com qualidade.  Hoje vejo muita coisa realmente medíocre ganhando status de “incrível” pq por circunstâncias “tiktokiais” da vida, repercute num efeito manada, mas é bem ordinário no sentido criativo. E vejo muita coisa rica no sentido poético e harmônico, melódico que acaba sumindo nesse mar de trabalhos lançados diariamente.  Não é fácil, mas nunca foi.  Hoje pelo menos o trabalho chega a existir.  Antes, poucos conseguiam viabilizar a existência do trabalho. Nem conseguiam gravar. Hoje, poucos conseguem viabilizar a existência de uma vida digna com esse trabalho gravado.

Você começou sua jornada musical muito jovem. O que o inspirou a seguir uma carreira na música, e como essas raízes influenciam sua arte hoje?

Nem sei se algo específico me inspirou exatamente. Sou um artista. (Não somente me expressando pela música) Está na minha essência. Sempre fui. Desde que me entendo por gente.

Seus trabalhos mais recentes acumularam 4 indicações ao Grammy Latino. Como esse reconhecimento afetou sua carreira e sua abordagem à música?

Não afetou. Não me ajudou a vender mais shows. Isso é um reconhecimento da qualidade do que é produzido.  A indicação é porque constatam que é muito bem cuidado. E é mesmo. Sempre foi assim, desde meu primeiro trabalho. Depois, ganhar ou não, depende de votação dos membros votantes que colocam no balaio suas predileções, propensões, simpatias, seus desejos de passar determinado recado, apontar/estimular caminhos. Arte não é corrida de cavalos.  Não tem essa de um ser melhor e outro pior. Tem trabalho bem cuidado e trabalho menos bem cuidado. Só.  Acontece que se o Grammy ignorasse esses trabalhos, eu seguiria sabendo do imenso valor deles. Falo disso sem medo de soar arrogante, pq o resultado é mérito coletivo. Passa muito pelo grande Moogie Canazio e pelo talento de músicos extraordinários.

Jay Vaquer

Você teve a oportunidade de trabalhar como ator em peças de teatro. Como sua formação em artes cênicas influencia sua música e vice-versa?

Como disse, sou um artista. Isso me define. Não sou um cantor ou um ator. Posso cantar, atuar. Uso como ferramentas disponíveis para a expressão artística, embora eu esteja muito mais na ponta da criação. Onde realmente me satisfaço mais. Contar por si só já é fundamental, mas estou ainda mais no conteúdo, naquilo que é contado. Faço parte do início da retomada dos grandes musicais no Brasil. Estava bem no epicentro daquele primeiro momento. Optei por sair dali pq já sabia o que de fato queria fazer naquele universo. E não era atuar, mas escrever e dirigir espetáculos. Acontece que eu sabia que não estava preparado pra isso naquele momento. Não tinha estofo, técnica. Fui viver a vida, estudar, observar, absorver, amadurecer até me sentir apto de fato para poder colocar no mundo trabalhos que julgo interessantes, bonitos, relevantes nesse setor.

Suas músicas foram gravadas por renomados artistas da MPB. Como é ver suas composições ganhando vida através de outros intérpretes?

Acho que poucos gravaram. Sinto que muita gente ainda vai gravar essas músicas no futuro. Sempre um barato ver isso acontecendo. Fico feliz.

Você mencionou um projeto musical especial produzido por Rick Bonadio. Pode nos contar mais sobre esse projeto e o que os fãs podem esperar?

Não. Não existe isso. Com Rick, houve um encontro há uns 30 anos. Ele já era um ótimo produtor.  Eu gravava algumas coisas no estúdio dele na Cantareira.

Recentemente, você ganhou o prêmio de Melhor Musical Original de 2022 pelo “Musical.Rio”. Pode nos contar mais sobre esse projeto e como foi o processo de criação?

O musical “Poema!” recebeu esse prêmio. E vejo outro musical meu, “Síndroma” com ótimas chances de indicação para 2023. Me sinto bem feliz pq sei que estou contribuindo bastante para o musical original produzido aqui no Brasil, mas mirando lá fora também. Temas universais são abordados. Ainda esse ano, lanço os livros de ambos.

“Poema!”, comecei desenvolvendo como parte de um curso acadêmico. Ainda no início daquela etapa, percebi que seria muito interessante  pensar num roteiro para que virasse um longa.  Foi o que comecei a fazer durante o processo. Escrever um filme. (E pinçava algumas cenas do roteiro para a exercício escolar simultaneamente) Filmamos e ainda está em fase de pós, mas partindo desse roteiro que escrevi, ajustei para os palcos em caráter profissional, precisando desenvolver novas cenas (musicadas ou não) para uma série de costuras necessárias.  Espero poder lançar logo esse filme e espero que os espetáculos “Poema!” e “Síndroma” estejam sempre em cartaz. Merecem muito.

Quais são seus planos futuros no campo da música e das artes cênicas? Há algum projeto empolgante em que você está trabalhando atualmente?

Se eu não considerar empolgante, nem começo.  No campo das artes cênicas, atualmente aguardo respostas de alguns editais. Tenho 3 musicais aguardando respostas. Sempre vou tentar.  Sem editais, sem leis de incentivo, impossível colocar um musical de grande porte em cartaz.  Na música, vou gravar agora um cd novo, depois de 5 anos sem lançar nada.

Você adaptou o musical “Poema!” para os palcos, que obteve grande sucesso. Pode nos contar mais sobre o processo de adaptação e o que você espera que o público leve dessa experiência?

De certo modo, essa pergunta é parecida com a sétima. Sinto que ainda não obteve o “grande sucesso” que pode e merece obter.  Adaptei para os palcos partindo do roteiro, mas como ninguém viu o filme, até pq ele nem está pronto, acaba que a peça saiu na frente e o filme está atrás.  Vão achar que fiz o filme depois da peça.  Rsrs. Na real, eles são a mesma coisa, mas com muitos números musicais diferentes, cenas diferentes, até personagens.

Acompanhe Jay Vaquer no Instagram

Com Luca Moreira

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