Jefferson Matoso convida leitores para viagem ao multiverso da fantasia

Em seu aniversário de 16 anos, Abner tem que lidar com uma série de problemas: seu pai alcoólatra se esqueceu de dar parabéns a ele, a namorada o dispensa por ciúmes da própria irmã, seu projeto de filme é vetado pela diretoria da escola, entre outros perrengues.

No entanto, a mais surpreendente de todas as situações acontece quando o espelho do quarto dele quebra e um portal para outro mundo é aberto. Como será esta nova dimensão? A vida do jovem protagonista pode ser melhor do outro lado?

Este é o ponto de partida do livro O Avesso no Espelho, do fotógrafo e cineasta Jefferson Matoso. Suas principais referências foram obras literárias e adaptações de clássicos como “O Mágico de Oz”, “A História Sem Fim”, “As Crônicas de Nárnia” e “Coraline”. Em comum, todas são histórias sobre crianças que abandonam suas vidas mundanas para mergulhar em um mundo fantástico, tal qual o lançamento do autor brasiliense.

A obra, que mistura fantasia, física quântica e dramas adolescentes, também é inspirada no último artigo do físico Stephen Hawking sobre universos paralelos, intitulado “Uma Saída Suave da Inflação Eterna?”. Também é importante a presença dos conceitos desenvolvidos em “O Poder do Subconsciente”, do Dr. Joseph Murphy, que estuda os paralelos entre a mente e a realidade. Confira a entrevista!

Quanto tempo de produção até chegar à história final?

Da ideia original ao lançamento do livro se passaram 16 anos, a exata idade de Abner, protagonista da história. Quando surgiu a ideia não imaginei que se tornaria um livro. Começou como um trabalho de faculdade, evoluiu para um roteiro cinematográfico com duas horas de duração e por fim, acabou se transformando em uma obra literária.

Como foi a parte concepcional de cada personagem e a inspiração para o contexto? Quais suas inspirações e estudos para produzir o desenvolvimento da história?

Foi surpreendente e revelador conceber cada personagem. Chega um momento em que eles ditam suas falas e até mesmo algumas de suas ações, você vai tentar escrever alguma atitude, alguma ação e simplesmente descobre que não cabe. Minhas inspirações e estudos para produzir o desenvolvimento da história foram: A Jornada do Herói, do Joseph Campbell revelado em seu livro o Herói de Mil Faces, a estrutura Aristotélica, em três atos revelados em A Poética de Aristóteles, Syd Field em seu livro O Manual do Roteiro, a física quântica com as terias dos físicos Hugh Everett III e Stephen Hawking sobre universos paralelos (multiverso), o livro O Poder do Subconsciente do Dr. Joseph Murphy que traça um paralelo entra a mente e a realidade. E claro, muitas referências cinematográficas como, por exemplo, o filme A Lenda de Ridley Scott, Poltergeist, De Volta Para o Futuro entre outras.

Jefferson Matoso (Foto: Divulgação)

Com um olhar geral de sua obra, qual é a principal mensagem que gostaria de passar através do seu livro para o público?

A mensagem que gostaria de passar é a de que é preciso aproveitar o que for bom, ressignificar o que não for tão bom assim e, principalmente, procurar aprender com isto. Afinal a força para a mudança, para uma realidade melhor do que a de antes, está dentro de nós mesmos, a decisão é de cada um querer acessá-la ou não.

Sua obra aborda multiverso, quais novidades podemos esperar neste mundo?

Sobre o multiverso eu diria que a novidade seria que está havendo uma maior consciência das pessoas de que podemos sim acessar outras realidades, não como em O Avesso No espelho, mas podemos criar uma realidade desejada por meio dos nossos pensamentos e das nossas atitudes. Quem diz isto é o Dr. Joseph Murphy no seu livro O Poder do Subconsciente, citado no prefácio e que também serviu de inspiração para uma parte de da história. O termo cocriar foi usado em um dos diálogos dos personagens, pois segundo algumas vertentes da espiritualidade e da física quântica, que estuda as realidades paralelas, tudo já foi criado, algumas teorias defendem a ideia de que existe uma realidade latente para cada decisão que decidirmos tomar. Como diz o Louis, melhor amigo de Abner, em uma conversa com o seu quase irmão onde explica a ele sobre realidades paralelas na página 219 – Somos nós vivendo outras possibilidades, outras realidades neste exato momento.

Você criou um manuscrito em 2005. Mais de 15 anos depois você chega à obra final. As ideias devem ter mudado com o amadurecimento. Quais foram às mudanças? O personagem principal passa por dilemas mais complicados?

Sim, neste período em que a obra estava sendo criada houve mudanças em função do tempo e do amadurecimento do texto. Se estamos escrevendo uma história, seja para o cinema ou para o universo literário, é imprescindível que deixemos o texto descansar um pouco antes de revisá-lo mais uma vez. Pois quando voltamos não somos mais os mesmos e certamente veremos trechos, diálogos, sequências que podem ser aperfeiçoados, além de possibilitar que o texto tenha a correção gramatical mais trabalhada, evidentemente. Uma de várias mudanças que a obra sofreu foi em relação a idade do protagonista da história, na versão do manuscrito Abner tinha 23 anos, nos primeiros tratamentos do roteiro 19 e, quando fui adaptar para o universo literário, decidi que ele deveria ter enfim 16 anos. Alguns nomes de personagens também sofreram alterações. Cenas foram incluídas, outras retiradas, tudo isto para que pudesse proporcionar ao leitor uma experiência de leitura envolvente, imagética e que desafiasse os limites da realidade. Outro aspecto bastante trabalhado foi a fluidez do texto. Toda a concepção textual foi pensada para que o livro fosse de fácil leitura, para que a língua portuguesa não fosse uma barreira, um impedimento à compreensão da história.   Quanto aos dilemas, Abner enfrenta alguns. Um deles, talvez o mais importante é: se decide seguir em frente rumo à essa realidade paralela totalmente desconhecida por ele. Outro dilema é se ele estará disposto a fazer o que precisa ser feito para encontrar o caminho de volta para casa.

Das obras que você escolheu para adaptar, “As Crônicas de Narnia”, “A História Sem Fim”, “O Mágico de Oz” e “Coraline”, são histórias bastante completas em questão de “costura”. Nos bastidores de sua obra, como foi conseguir fazer essa peneiragem de elementos e conseguir unificá-los em algo novo?

O Avesso No Espelho não é uma adaptação destas obras. É uma história em camadas sobre diferentes pontos de vista de um mesmo observador. Trata de um conflito familiar multidimensional com elementos de fantasia, ficção científica e mundo real.  Na verdade as obras citadas acima serviram de inspiração para que eu fizesse um recorte narrativo e decidisse qual tipo de história gostaria de contar. O enredo de O Avesso No Espelho se mantém fiel à Jornada do Herói do Joseph Campbell e, ao modelo clássico Aristotélico em três atos que também influenciou não somente a minha obra, mas todas as que têm um começo, meio e fim bem estruturados. Utilizar de todos estes elementos para construir algo novo foi e está sendo muito gratificante.

Antes de escrever esse novo livro, você tinha tido mais experiência com cinema, mais especificamente curtas-metragens. Como está sendo poder desenvolver mais o seu lado escritor?

Tive a minha fase de roteirista, fotógrafo, videasta, cineasta e agora estou me aventurando pela escrita literária de gênero. Poder desenvolver mais esta habilidade está sendo uma grande novidade pra mim, tenho aprendido bastante sobre o universo literário e sou muito grato não somente por todo aprendizado, mas principalmente pelos amigos que estou fazendo ao longo desta jornada.

Ficha técnica 

Título: O Avesso no Espelho
Autor: Jefferson Matoso
Editora: 
Viseu
ISBN/ASIN:
 9786525415697
Páginas: 
236
Preço
: R$ 41,97
Onde comprar: 
Amazon e Toca Livros

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Com Luca MoreiraLetícia Cleto e Affonso Tavares

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