Dos bares e festas em Minas Gerais para o país todo, “deletérios” é a estreia nacional do cantor deco. que, desde os 14 anos, coleciona um grande repertório de composições. Primeiro lançamento do EP “deco.wav”, previsto para este ano, a canção mistura R&B e Pop com grandes influências internacionais e chega a todos aplicativos de música na sexta-feira, 9 de setembro, com clipe no YouTube do artista.
Composta pelo próprio Deco e produzida por Henrique Staino a.k.a. Fantasmatik, produtor e músico brasileiro cujo trabalho já alcança mais de 40 milhões de streams, “Deletérios” trata de reflexões sobre desejos proibidos e prazeres platônicos, refúgios para sobreviver à solidão de se perceber no mundo.
O clipe, dirigido pelo videomaker Lucas Guerra- responsável por comerciais para o app Feat, The North Face, IBMEX, além dos documentários Montanhas são Deuses e Cemitério de Flores, reflete a ideia da letra da música. Primeiro single do EP “deco.wav”, a canção trouxe uma vibe parecida a That’s What I Like do Bruno Mars, mas mantendo o clima meio noturno da temática da música. Além de “deletérios”, o projeto contará ainda com outras quatro canções inéditas que serão divulgadas até o final do ano.
Com apenas 27 anos, Deco conquistou fãs à frente da banda Dom Pepo, mas sua paixão pela música vem de berço. Aos 8 anos iniciou estudando piano, depois gaita, violão, clarinete, trompete, violão erudito, baixo e guitarra. Aos 14 anos iniciou a compor e nunca mais parou. Agora o artista se prepara para novos voos em carreira solo e promete muitas surpresas. Confira a entrevista!
Lançada recentemente, a música “deletérios” trouxe em seu enredo várias reflexões e registros de um cotidiano da sua vida. O que o fez começar a dar os primeiros passos na composição da letra?
Eu costumo compor bastante, quase que uma vez a cada semana, geralmente, sempre tenho uma música nova. Quando fiz “Deletérios”, eu havia ficado um mês sem escrever nada, porém, eu estava muito aflito. Às vezes, quando estou muito ansioso, eu preciso escrever algo. Eu estava muito tempo sem escrever, viajando da forma errada, e em uma dessas que sentei para escrever, eu parei e lembrei que eu deveria voltar a escrever sobre o que eu estava sentido, sobre o que eu queria, sobre meus sentimentos, e decidi escrever uma música sobre o que estava batendo em mim para colocar essa ansiedade para fora.
Com uma carreira natural de bares e festas em Minas Gerais, “deco.wav” foi anunciado como o seu EP de estreia. Quais estão sendo as suas expectativas para que esse projeto chegue até o público?
Assim como tudo que eu faço, eu tento não ter muita expectativa. Claro que ficamos ansiosos de toda forma, porém, sei que é o meu primeiro passo em uma carreira solo, eu tive a banda, porém, nessa nova etapa, é o meu primeiro passo. Estou tentando não ter muita expectativa, e isso faz com que eu fique feliz com todo mundo que vem falar comigo, já recebi muitas mensagens desde o primeiro lançamento, muitos se identificando, então, se eu consegui bater nas pessoas, já fico muito feliz.
Mesclando influências da música nacional e internacional, a sua musicalidade mistura R&B e Pop. Como foi chegar até essa combinação e fazer com que ambos conseguissem estar em harmonia em uma única faixa?
Quando falamos de pop aqui no Brasil, acaba que ele pega muito nas questões dos ritmos latinos, funk, e outros ritmos brasileiros, mais lá fora, eu sinto que o R&B e o pop, eles já dialogam há muito tempo. Por ser uma música que eu gosto de ouvir e já escuto há muito tempo, então, eu acho que foi algo muito natural fazer algo que eu já curtia que é esse R&B gringo, e que já tem muita gente aqui no Brasil que gosta.
A previsão é de que quatro músicas serão lançadas até o final desse ano. Você planeja lançar as próximas na mesma vibe de “deletérios”, sobre solidão?
Esse primeiro EP dialoga um pouco com a solidão, porque, apesar de terem produtores envolvidos, eu fiz quase todas as músicas por conta própria, além de compor e tocar todos os instrumentos. Acabamos bem no contexto, eu no meu quarto tentando falar um pouco para o mundo dessas coisas que eu vivo. Não são todas as músicas na mesma vibe, tem umas que são mais astrais e outras românticas, porém, no geral, pode-se dizer ser um EP que fala bastante sobre solidão e um pouco melancólico. É a minha vibe mesmo.
Você compõe desde muito novo, e normalmente o processo de composição nem sempre é muito simples, exige esforço e inspiração por parte do artista. Como você acha inspiração na hora de escrever suas músicas?
Eu já fiz muita música, e sinto que existem músicas inspiradas mesmo, músicas que fazemos mesmo até como estudo. Já escrevi muitas músicas para estudar, sentar com o violão e começar a fazer uma música e fazer. Normalmente não são as melhores mesmo, e a minha inspiração mesmo é falar o que eu sinto as coisas que eu costumo me conectar mais e as pessoas também, sempre quando falo de coisas que estão batendo para mim. Então, acho que não necessariamente você precise esperar um momento de inspiração, apesar de que quando você está nesse modo operante de buscar, de compor e estar sempre pensando nas músicas, volta e meia vem uma melodia e você fala – “cara, deixa eu escrever algo com isso”. Isso talvez seja uma inspiração pura, porém, uma música inspirada quando eu falo é quando eu estou sentindo algo e eu decido falar sobre aquilo, uma música sincera. Você precisa ser sincero com você e com seus sentimentos na hora de escrever. Isso é bem importante.
Ao mesmo tempo, eu acho que pensamos muitas vezes que temos que viver coisas magníficas ou gigantes para escrever músicas superemocionantes, só que tem uma coisa que penso isso para qualquer tipo de arte, até para os desenhos que eu também faço – quando você está traduzindo algum sentimento para a música, algo que viveu ou qualquer coisa, você acaba perdendo muito daquela informação inicial daqueles sentimentos, por a vida ser viva, as coisas estão acontecendo, então, você acaba perdendo um pouco dessa informação ao traduzi-la para a música, e é nessa parte que entra o exagero. Acredito que na hora que estamos escrevendo, sendo poetas, temos que falar com mais exagera e com mais intensidade para conseguir trazer aquilo que estamos sentindo com aquela mesma intensidade que tínhamos originalmente.
“Deletérios” foi composta por você mesmo e produzida por Henrique Staino a.k.a Fantasmatik, cujo trabalho já alcança mais de 40 milhões. Como foi a troca de vocês durante o trabalho de produção do single?
Então, eu compus e produzi “Deletérios”, grande parte da track, arranjei ela quase toda, fiz uma pré-produção bem legal, bem definida, e o que eu troco com o Staino normalmente é porque eu sou um produtor um pouco amador ainda. Eu sei usar as ferramentas, porém, um produtor profissional tem mais repertorio, além das habilidades de ouvir para conseguir elevar o nível da música profissionalmente. Então, a minha troca com ele foi nesse sentido, dele pegar essa minha produção, esse meu arranjo que já funcionava, e trocar os timbres, pegar os do HiHat e melhorar ele um pouco, trocar algum timbre de piano, conseguir dar um grau nas viradas, que acredita que sejam a minha parte mais fraca, O arranjo no geral já estava pronto, então a nossa troca é sempre assim e tem funcionado muito. Depois de muitos anos batendo cabeça e tentando produzir minhas músicas com outras pessoas e ficando completamente frustrado pelos resultados não estarem saindo como eu queria, agora que estou fazendo essa pré-produção bem desenvolvida, estou finalmente ficando feliz com as coisas que estou conseguindo fazer.
Quais os desafios que uma carreira solo pode ter para o artista que decide seguir esse caminho?
Acho que é a quantidade de trabalho, mesmo que por enquanto a música não me dá nada de dinheiro, só gasto, na verdade. Então, além de não ganhar nada, ainda temos muitas coisas para fazer, ainda mais eu que componho, produzo, canto, gravo, edito o clipe, faço o visualize, designers todos, capa, faço tudo, então, acho que quem vai seguir sozinho, realmente tem esse trampo de desenrolar para resolver o tanto de BO que aparece. Quando eu estava com a banda, a gente costumava dividir o trabalho, porém, tem o ponto bom que agora tudo só depende de você. Se você estiver afim, você vai.
Além de toda produção fonográfica, você também contou com uma produção visual de peso no videoclipe, tendo a experiência de Lucas Guerra, que além de ter passado por produções como comerciais para o app Feat, The North Face, IBMEX, e hoje está dirigindo seu clipe. Como foi a experiência entre vocês e como nasceu a ideia do vídeo?
Eu e Guerra somos velhos conhecidos de muitos anos, nos conhecemos há mais de 10 anos e nunca tínhamos trabalhado juntos, porém, como trabalho como animador, a gente já tinha trocado algumas ideias, pois também trabalho com audiovisual e ele trabalhava com publicidade, e eu sempre curti demais o trabalho dele, já havia visto os comerciais e documentários que ele fez, e sempre curti demais. Eu já tinha essa minha ideia, cheguei fazer algumas outras coisas com ele que ainda vão ser lançadas, alguns vídeos onde toco ao vivo. Ele estava para mudar para a Nova Zelândia, já foi inclusive, e eu disse para ele que antes dele ir, tínhamos que fazer um clipe. Eu e minha produtora tivemos uma ideia maluca do clipe de “Deletérios”, a gente pegou e fomos falar com ele, e ele me disse estar a fim de fazer um clipe antes de viajar e achou ótima a ideia. Bate demais a nossa vontade com a dele, e ele fez algumas coisas na moral, conseguimos fazer algo bom para nós dois. Ele foi um grande irmão.
Acompanhe Deco no Instagram